Em meio à crise do regime político espanhol, Clara Ponsatí, acadêmica e ex-ministra do governo catalão, torna-se a mais nova vítima das instituições controladas pela burguesia. A professora de Economia da Universidade de St. Andrews terá que comparecer no dia 12 de dezembro perante um tribunal escocês. A situação, no entanto, refere-se à uma etapa preliminar do processo de extradição reativado pela Espanha por sua – suposta – colaboração na organização do referendo de independência de 2017.
Ao acusá-la de “sedição”, o reacionário juiz espanhol Pablo Llarena, trabalha em torno de um “crime arcaico que não existe” no código penal escocês – conclui Aamer Anwar, advogado de Ponsatí. Vale, porém, ressaltar que o crime de sedição que pesa contra Ponsatí é penalizado na Espanha com penas de prisão de até 15 anos.
“Os promotores escoceses que agem em nome da Espanha acreditam que a conduta de Clara constituiria o crime de traição sob a lei escocesa”, afirma o juiz.
Como defesa de Clara, Anwar apelará para o depoimento de membros do atual governo socialista em exercício e do direito político espanhol, como estratégia no julgamento oral – previsto para o primeiro trimestre de 2020, no Tribunal do Xerife de Edimburgo, Escócia.
Segundo Clara Ponsatí, trata-se de “vingança política”. Ademais, a Agência Nacional do Crime (ANC) no Reino Unido chegou a rejeitar a Eurordem reeditada pelo juiz reacionário, por ser “desproporcional”. No entanto, no dia 6 de novembro, através de uma tremenda capitulação, a ANC pediu desculpas por ter descartado “incorretamente” a ordem de prisão – lavou as mãos – e entregou Ponsati ao Estado espanhol, aparelhado pela burguesia pró-imperialista.
Segundo Anwar, a Euroordem contém “contradições”, sendo sua reativação, logo após a publicação de sentenças contra líderes que atuaram no processo de independência da Catalunha “um abuso de processo”. Já não é a primeira vez que Ponsatí é acossada pelo judiciário controlado pela burguesia pró-imperialista, Anwar havia feito sua defesa durante o processo de extradição anterior, abortado pela Espanha em julho de 2018. Esse passo se deu, porém, através de uma conciliação entre o judiciário alemão e o espanhol que concordara em entregar o ex-presidente Puigdemont, por crimes de peculato de fundos públicos.
Esse caso, não obstante, revela a natureza “democrática” dos países imperialistas. Diante de tamanha crise política e ebulição do ânimo das massas, é natural que a burguesia invista todos os recursos no aparelhamento das instituições para que o regime político – já em vias de putrefação, não seja derrubado pela mobilização dos setores anti-imperialistas. Por ter participado do referendo pela independência da Catalunha – que teve o apoio da maioria do povo catalão, Ponsatí passa pelo corredor polonês da burguesia pró-imperialista. Nesse caso como nos outros, a justiça serve aos direitistas!