Um casal de indígenas da Aldeia Bororó, em Dourados, Mato Grosso do Sul, foi brutalmente torturado e assassinado. Osvaldo Ferreira, 38 anos, e Rosilene Rosa, 34, foram encontrados mortos na manhã do último dia 07, depois que o filho do casal, após passar a noite em cima de uma árvore para se esconder dos assassinos, contou a professora da escola, na manhã seguinte, que o pai havia sido morto.
O homem foi encontrado com marcas de facada no tórax e no rosto, a mulher, por sua vez foi encontrada nua e com as mãos amarradas, com pelo menos cinco marcas de facada, suspeita-se também de ter sofrido violência sexual. O rosto de Rosilene estava desfigurado, possivelmente em decorrência de mordidas de cachorro.
A Polícia do MS prendeu no dia seguinte dois suspeitos de participação no crime aterrador. De acordo com a polícia um dos homens teria confessado o crime e afirmado que o crime se deveu a uma “queima de arquivo”, segundo essa confissão a vítima teria presenciado um outro assassinato, cometido por ele no dia 03, dentro da Reserva e por isso o assassino teria então decidido assassinar o casal.
Evidentemente, que este crime assombroso está envolvido por muitos outros interesses, não se perguntou por exemplo, o que estes indivíduos que não pertencem a Aldeia estavam fazendo lá. Nem se perguntou se estes indivíduos, se são mesmo os assassinos, tem relação com os latifundiários da região. No Estado do Mato Grosso do Sul os latifundiários concentram quase toda a terra, 92% de sua área total, dominam as instituições do Estado e realizam uma campanha assassina, genocida contra as demarcações indígenas. O Estado, que concentra 6,8% da população indígena brasileira, é responsável 44% dos assassinatos de indígenas.
Esse crime está, muito provavelmente, ligado ao latifúndio, as organizações paramilitares do latifundiários e as instituições dominadas por eles, como a polícia local. O próprio governo Bolsonaro deve também ser responsabilizado pelo aumento exponencial de assassinatos no campo brasileiro, pelo apoio e estímulo irrestrito e constante aos latifundiários e seus métodos fascistas contra o povo.
Os pobres do campo estão submetidos a mais vil tirania. É um direito da Democracia, do povo,historicamente conquistado, o de resistir à opressão, não sendo este por motivo algum obrigado a suportar-la. O que implica necessariamente o armamento do povo e a autodefesa contra a tirania que se instalou no país.
É preciso reivindicar o direito sagrado da cidadania de se defender de armas nas mãos da opressão monstruosa e da tirania, assim como heroicamente fizeram os indígenas da etnia Guarani-Kaiowá, e que agora estão sendo perseguidos por exercer seu direita sagrado de autodefesa contra opressão.