A chapa da deputada federal Gleisi Hoffmann, Lula Livre Para Mudar o Brasil, venceu o PED (Processo de Eleições Diretas) no PT no último domingo. Essa é a ala diretamente ligada ao ex-presidente Lula, preso político condenado sem provas pelo ex-juiz Sérgio Moro. A chapa obteve 53% dos votos, a chapa que ficou em segundo lugar, Lula Livre! Fora Bolsonaro! Governo Democrático e Popular!, teve 13%. Ao todo, o processo teve 310.909 votos.
Com esse resultado, Gleisi Hoffmann deve ser reconduzida à presidência do PT para mais dois anos de mandato à frente do partido. A escolha deve ser confirmada pelos 800 delegados eleitos durante o PED no 7º Congresso Nacional do PT, que será realizado em novembro.
O processo eleitoral interno do PT foi acompanhado de perto pela imprensa burguesa, que aproveitou para exortar os petistas a abandonarem Lula. Essa campanha aconteceu tanto durante as eleições, com a esperança de alterar alguma coisa, quanto depois do resultado consumado. Foi o caso de uma matéria no Estado de S. Paulo publicada sob o seguinte título: “Proposta de corrente majoritária do PT esbarra no discurso ‘Lula Livre’”.
Segundo o Estado de S. Paulo, “A insistência em colocar o “Lula Livre” na pauta de manifestações e eventos realizados em conjunto com outras forças políticas tem, algumas vezes, sido um obstáculo para que o PT participe de articulações para unificar a centro-esquerda como frente de oposição ao governo Bolsonaro.” Ou seja, o PT deveria abandonar a campanha pela liberdade de Lula para liderar uma suposta frente que poderia se formar contra o governo Bolsonaro nessas condições.
Essa pressão da direita para que o PT abandone essa pauta vem de longe, e deverá continuar até a eleição em novembro, durante o Congresso Nacional, e também depois das eleições, dependendo do resultado. Para a direita, manter Lula preso é crucial, e, ao mesmo tempo, dar alguma estabilidade ao regime político, que entrou em crise desde a campanha golpista pela derrubada de Dilma Rousseff. Justamente por isso a esquerda deve fazer o contrário: mobilizar pela liberdade de Lula para pressionar a direita golpista até derrotá-la, impedindo a continuidade dos ataques aos trabalhadores que vêm sendo levados adiante desde o governo do usurpador Michel Temer.