Devido uma ausência de reforma agrária, temos, no Brasil, números elevados de trabalhadores sem terra e sem moradia. A ausência da reforma agrária e, uma realidade marcada pela forte presença do latifúndio, proporciona a exclusão da maioria da população ao acesso a terra, bem como índices elevados de violência no campo.
Se, antes do golpe de Estado de 2016 os conflitos no campo já se faziam bastante presentes, a realidade atual é ainda mais cruel. O governo de Jair Bolsonaro é declaradamente contrário a qualquer tipo de avanços sociais, contrário a trabalhadores do campo, indígenas, etc. Sua política está totalmente voltada para a manutenção dos interesses privados e, no que tange a questão do campo, está voltado para o favorecimento dos grandes proprietários de terras, latifundiários. Exemplo disso é o aumento de conflitos no campo entre os pequenos produtores e grandes proprietários. Nessas situações, visualiza-se um incentivo do poder público aos capitalistas presente no campo ao invés de proteção aos sem terra e pequenos produtores.
Podemos identificar mais um exemplo de violência contra pequenos trabalhadores rurais em Pernambuco. Nessa região, localizado na zona da Mata Sul e Norte de Pernambuco, mais de 1500 famílias aguardam o processo de regularização de suas terras. Nos últimos dias os agricultores posseiros vem sofrendo ameaças de expulsão e ameaças promovidas pelos setores imobiliário, sucroalcooleiro e pecuarista que possuem interesses econômicos e privados na região.
A comunidade vem denunciando os ataques desses representantes, no entanto, nenhuma atitude tem sido tomada por parte do poder público. Já foram 95 boletins de ocorrências por conflitos por terra na região e nada foi resolvido. Desde o mês de março- período que os ataques se tornaram mais ofensivos- a comunidade vem buscando dialogar com governador Paulo Câmara. Até agora não obtiveram nenhum resultado no apelo. Diante das ameaças de morte, ameaças de expulsão, tentativas de assassinato e todas as demais violações, conforme divulgado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), os pequenos agricultores familiares da Zona da Mata protestam. Realizaram na manhã desta segunda-feira (09) um protesto na BR 101 Sul que dá acesso ao Catende e Maceió e na BR 232 próximo ao Parque Aquático de Moreno.
Os agricultores reivindicam a regularização de suas posses e, enquanto isso não se concretiza, cobram por proteção que inibam as ameaças que estão sendo submetidos. Também solicitam investigação nos cartórios que realizam registros de terras por baixos valores, tendo com isso, regularização de terras griladas nos cartórios e, solicitam, também, que a justiça cobre as dividas milionárias das usinas. Essas são as reivindicações dos agricultores familiares da região que estão sofrendo com as ameaças contra suas vidas e de expulsão de suas terras.
No entanto, devemos destacar que tais solicitações são legítimas, porém, não devemos confiar que os apelos serão atendidos pela justiça burguesa. A justiça burguesa não irá oferecer proteção por que ela está voltada para atender os interesses dos latifundiários, nesse caso. O próprio fato dos agricultores já terem realizado denúncias e nada ter sido feito demonstra de que lado a justiça burguesa joga. Outro exemplo é a falta de diálogo do governador. O governador de Pernambuco, até o momento, não atende a demanda dos agricultores para dialogarem. O governador está atacando os pequenos produtores em não regularizar suas terras em benefício de usineiros e demais empresários do setor agrícola da região.
É extremamente positiva a manifestação dos agricultores familiares e atitudes como essas devem ser associadas com criações de comitês de lutas e auto defesa. Os trabalhadores do campo, especialmente nesse cenário bolsonarista, precisam organizar a sua auto defesa, pois a justiça burguesa está trabalhando para aniquilar todos os movimentos sociais de luta. Esperar qualquer justiça desse setor é uma ilusão. Por isso, Fora Bolsonaro e todos os golpistas!