Nesta quinta (12) o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT) anunciaram uma aliança eleitoral para as eleições de 2020. Surgida para a disputa na maior cidade do país (São Paulo), a aliança se expandirá para todo o país, num cenário de preparação para as eleições presidenciais de 2022 e também incluirá a Rede Sustentabilidade e o Partido Verde (PV).
De acordo com seus líderes, a frente de “esquerda” é uma alternativa ao petismo, uma forma mais viável para derrotar Bolsonaro em 2022. Segundo o próprio ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), apesar de não ter dificuldade de convivência com o PT, somados, PSB e PDT tem um tamanho maior que o partido de Lula. Segundo o portal Metropoles, na última eleição os partidos somados elegeram 747 prefeitos e 7400 vereadores.
“É evidente que somados temos um tamanho maior do que o PT. O somatório dos partidos gera 60 deputados federais, e o PT tem 54. O PT é muito importante, mas não é o único e nem o maior” afirmou França.
Com toda a campanha sistemática contra o PT, culminada na derrubada do governo Dilma Roussef, o partido elegeu no º turno de 2016, 256 prefeitos e 2.808 vereadores, uma queda resultante do golpe de Estado. No entanto, PDT e PSB, diferente do PT que é um partido de sindicatos e movimentos sociais, são apenas máquinas eleitorais, aparatos burgueses que representam interesses de setores periféricos da burguesia e de oligarquias. Logo, seu crescimento na última eleição é uma expressão da política da burguesia de esmagar o PT e fortalecer a direita.
Ainda sobre como a frente ser propagada como de esquerda. Ciro Gomes, o “representante do centrão antifascista” (ver caso da retroescavadeira) afirmou:
“… nosso entendimento com o PSB deriva de uma história da percepção de que parte do problema brasileiro deve-se da redução da política pela confrontação do PT ao bolsonarismo. E nós precisamos ajudar o país a encontrar um caminho alternativo.”
O fato é que PSB e PDT não tem nada de socialistas. São apenas partidos burgueses, que representam setores secundários da burguesia nacional. O PSB é uma sublegenda do PSDB, foi utilizado para apoiar Alckmin e se opor ao grupo de Doria. Já o PDT, hoje é liderado pela oligarquia dos Ferreira Gomes, do Ceará e tem sido usado como ponta de lança pela burguesia na campanha contra o PT.
Ambos compõem o campo político conhecido como “centrão”, junto com DEM, PSDB, PP e afins, os maiores responsáveis pela eleição de Bolsonaro e sem o qual o governo não se sustentaria!
Prova disso é a trajetória e o posicionamento que esses partidos e seus líderes adotaram de 2016 para cá. Márcio França foi vice do governador coxinha Geraldo Alckmin (PSDB-SP), ficou conhecido por dar premiar os policiais que matam mais cidadãos e apoiou Bolsonaro em 2018.
Já Ciro Gomes, apoiou todas as medidas da Lava Jato contra Lula, chegou a parafrasear o pai dos tucanos, FHC (PSDB) ao dizer que o ex-presidente era um político preso e não um preso político. Lançou-se como candidato da burguesia com uma roupagem de “centro-esquerda” para tirar votos do PT e abrir caminho para a eleição de Bolsonaro. No segundo turno, tirou férias na França, recusando-se a apoiar o PT. Depois disso, apareceu em 2020 como possível candidato do centrão para as eleilções de 2022, segundo o próprio Rodrigo Maia, junto de Luciano Hulck e João Doria. Por fim, recentemente apoiou a repressão fascista de Bolsonaro e do governador Camilo Santana contra a greve da Polícia Militar no Ceará.
Ou seja, não se trata de uma aliança de esquerda. Mas sim de uma aliança de direita, que representa a tentativa da burguesia em controlar o governo Bolsonaro e o crescimento da extrema-direita. Isso porque o fato da própria burguesia ter colocado o fascista como presidente, trouxe o problema do crescimento da extrema-direita no aparato estatal, diluindo ainda mais a direita tradicional.
A aliança expressa a política da burguesia de evitar a polarização, que por um lado destaca o bolsonarismo e por outro fortalece Lula e o PT na grande massa dos trabalhadores brasileiros. A direita precisa oferecer uma alternativa que evite o confronto direto entre as massas e o regime, impulsionado pela polarização natural entre Lula e o povo vs o governo Bolsonaro. Por isso a frente se dá entre PSB e PDT, partidos que por vários lugares do Brasil aparecem como semelhantes ao PT, antigos aliados, etc. Essa frente, portanto, deve ser denunciada como uma articulação golpista para enfraquecer a luta pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas.