Alguns setores da esquerda vieram nas redes sociais para dizer que o “PCO defende estuprador”, uma calúnia em relação ao caso.
A política burguesa é feita por meio de manobras, calúnias, mentiras e golpes contra os adversários. Como representante da classe decadente, que é a burguesia, os políticos burgueses se sustentam graças ao dinheiro e ao apoio da máquina estatal e suas instituições antidemocráticas. Para manter sua dominação, a burguesia não pode ser democrática, por isso ela é inimiga da lógica e da ciência.
Assim, se a esquerda defende que o problema da criminalidade é uma questão social e que, portanto, deve ser resolvido nesse âmbito e não no âmbito da repressão desenfreada, a direita logo acusa a esquerda de estar defendendo bandidos. Trata-se de uma acusação que procura transformar uma determinada posição política em uma espécie de “cumplicidade com terríveis criminosos”.
A esquerda pequeno-burguesa, arrastada pela decadência da burguesia, copia os métodos da direita. Diante de uma crítica, evitam entrar no debate, dissimulam suas opiniões e procuram distorcer as posições de seus adversários. É exatamente esse problema que ocorre exatamente com a polêmica do caso Robinho. Uma simples posição que destoe da histeria que se criou em relação ao caso é transformada em defesa do estupro e do estuprador.
A direita diz para a esquerda: “estão passando a mãos na cabeça de bandido”. A esquerda identitária diz para o PCO: “estão passando pano para estuprador”. De preferência, tudo isso falado em caixa alta se for em texto nas redes sociais.
Robinho, que foi acusado e condenado em primeira instância por um estupro coletivo ocorrido na Itália em 2013, tem sido alvo comum entre a esquerda identitária e a direita golpista, que exigiram o rompimento de seu contrato com o Santos.
O PCO, por meio de sua imprensa, tem chamado a atenção para a campanha de tipo repressiva que está sendo alimentada pala campanha em relação ao caso. O problema da mulher, a opressão da mulher e tudo o que decorre disso, incluindo aí o estupro e a violência, não pode ser resolvido apelando para um método repressivo. Por tal método devemos entender o seguinte: o apelo para que as instituições da burguesia, dominadas pela direita, aperfeiçoem sua política de aumento de penas, de linchamento público e de caça às bruxas.
É exatamente isso o que tem defendido a esquerda identitária. Em nome da defesa da mulher, o que se está fazendo na prática é o fortalecimento daquilo que é o maior inimigo dos oprimidos: a repressão estatal.
A histeria e gritaria em torno de Robinho não apenas não vai resolver o problema da mulher, mas vai piorá-lo sensivelmente. Ao fazer uma frente única com a direita cuja filosofia é “punição exemplar para os criminosos”, a esquerda está reforçando um aparato que vai se voltar com muita violência contra as mulheres e todos os oprimidos.
Deveria ser óbvio que se trata de um contrassenso achar que o fortalecimento da máquina de opressão estatal seria capaz de levar à libertação da mulher. O clima de histeria, impulsionado pela direita, no entanto, impede que se enxergue o óbvio.
Defender esse princípio não tem nenhuma relação com a defesa do estupro ou de nenhuma mínima opressão da mulher. Pelo contrário, a verdadeira defesa da mulher se dá através de uma política que chama as mulheres a se organizarem de maneira independente, em torno de suas reivindicações concretas, não por meio da aliança com a direita que esmaga o povo.
Se a posição da rede Globo, de outros órgãos da imprensa golpista, das multinacionais que ameaçaram retirar o patrocínio do Santos não é suficiente para despertar a desconfiança do clima de caça às bruxas, a declaração da ministra de Bolsonaro, Damares Alves, que defendeu “cadeia imediatamente” para o jogador deveria servir para abrir os olhos sobre o conteúdo do que está acontecendo. Tudo isso deveria despertar inclusive a pergunta: aonde vai parar o clima repressivo? Certamente nos colos da extrema direita, afinal, é ela que domina melhor a “arte” do “bandido bom é bandido morto”.