Quase sete anos depois de junho de 2013, o PCdoB continua abaixando as bandeiras e capitulando diante da propaganda reacionária da direita golpista e do imperialismo. Dessa vez, para disputar as eleições do ano que vem, o PCdoB está criando dois nomes fantasia para esconder seu nome verdadeiro, sua cor vermelha e a foice e o martelo. São esses nomes o Movimento 65, para quem quer se candidatar, e a Plataforma dos Comuns (para quem quer atuar ‘fora da política partidária”).
Em comum, as duas plataformas tem a características de virem nas cores tradicionais da direita: verde e amarelo. Trata-se de uma capitulação diante da propaganda direitista que a própria imprensa burguesa tratou logo de aproveitar, acusando o PCdoB de estar “mudando de nome”. De fato, o nome, a cor e o símbolo deverão ser escondidos nas eleições municipais, e o PCdoB apegou-se à literalidade dessa acusação para denunciar que se trataria de “fake news”, notícias falsas contra o partido.
Entrando no sítio da Plataforma dos Comuns, porém, o que vemos é exatamente isso: tudo que remeta à representação tradicional da esquerda foi escondido. Entrando no link, o que o leitor verá é o verde e o amarelo. E, para completar, um manifesto vago e demagógico o suficiente para poder ser reivindicado até por alguém que se identifique com a extrema-direita em ascensão.
Isso não é acidental. Parecer com a direita é exatamente o propósito desse tipo de manobra eleitoral. Inspirados no RenovaBR, um partido “sem partido” da direita golpista financiado por Luciano Huck, os dirigentes do PCdoB estão imitando as manobras da direita para disputar com a direita no terreno da direita. Como o golpe deslocou o regime político à direita, o PCdoB está dando um jeito de entrar na disputa para ver quem é mais direitista, na tentativa de conquistar votos na nova situação criada pelo golpe. Vendo um cenário montado pela direita para que só partidos direitistas tenham sucesso nas eleições, o PCdoB tem a esperança de ganhar votos imitando a direita.
Essa imitação para sobreviver, no entanto, vai muito além de uma paleta de cores, do nome do partido e dos símbolos da esquerda. A adaptação também aparece na política. De modo que, por ocasião da votação do chamado pacote “anti-crime”, os deputados do PCdoB votaram junto com o governo. Para disputar as eleições com a direita, setores da esquerda estão procurando conquistar os votos de direita apresentando-se como direitistas.
Do ponto de vista eleitoral, não vai funcionar. Bolsonaristas não votarão por engano no “Movimento 65”. Do ponto de vista da luta política geral, é uma escolha desastrosa. Durante as eleições, a população discute política, estimulada pelo próprio regime. Por mais que as eleições sejam domesticadas, é um período que pode ser usado para a agitação política. O PCdoB usará essa oportunidade para procurar se apresentar de uma forma direitista, com pautas da direita. Isso só fortalecerá a própria direita, não apenas nas eleições, mas em geral.