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PCB e Bolsonaro: atacar direita é bom discurso, não mais que isso

Em outubro de 2015, num congresso da CST-Conlutas, o dirigente do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Mauro Iasi, concluiu uma intervenção citando um trecho do poema de Berthold Brecht Perguntas a um homem bom (leia o texto completo no final do artigo):

Agora escuta: sabemos
que és nosso inimigo. Por isso
vamos encostar-te ao paredão. Mas tendo em conta os teus méritos
e boas qualidades
vamos encostar-te a um bom paredão e matar-te
com uma boa bala de uma boa espingarda e enterrar-te
com uma boa pá na boa terra.

Completando corajosamente: “com a direita e o conservadorismo, nenhum diálogo: luta”.

À época, no auge da campanha da direita golpista contra o governo de Dilma Rousseff, a declaração foi acertadamente tomada como uma declaração de guerra ao fascismo que voltava a grassar no Brasil. Os blogs de direita entraram em ebulição “denunciando” a declaração de Iasi, como se eles fossem as vítimas, e não os algozes, os fanáticos embrutecidos que perseguem e atacam a tudo e a todos.

Do mesmo modo como faz agora com o atentado a Bolsonaro, a direita declarou-se “oprimida” e “abismada” com a declaração de Iasi. O dirigente foi amplamente ameaçado pelas hostes fascistas. Ameaçaram-no e à sua família de morte e tortura com furor, relembraram os tempos sombrios da tortura no DOI-Codi e outras barbaridades. Iasi chegaria a ser processado por Jair Bolsonaro (PSL) e seu rebento um ano e meio depois, acusado de “crime contra a segurança nacional e a ordem política e social”.

Bolsonaro, aliás, usou contra Iasi o mesmo remédio que a esquerda pequeno-burguesa receita contra o chamado “discurso de ódio”: o recurso ao Poder Judiciário e à força do estado capitalista. No limite, a censura àqueles que não têm como se defender. Afinal de contas, dentre os processados por “crime de ódio” somente os pobres são condenados e cumprem pena. A burguesia, jamais.

Para decepção dos grupos revolucionários representados por Mauro Iasi, ele viria a explicar seu discurso num texto publicado na Boitempo, deixando claro que sua crítica na verdade se dirigia não aos fascistas seguidores de Bolsonaro, mas ao PT e sua política de colaboração de classes. Era mais conveniente atacar Dilma que ser acusado de caçar direitistas.

Tudo isso no final de 2015, justamente num momento em que a pressão golpista atingia seu pico. Em plena crise do governo do petista, o dirigente buscava deixar clara “a ideia de que não devemos nos iludir, nem com as artimanhas governistas e muito menos com o canto da sereia da direita golpista”. Na prática, Iasi acabava por fazer coro com esse mesmo canto.

Triste caminho o trilhado pelo estilhaço universitário do antigo Partidão de Prestes: tornou-se uma tendência externa do PSOL e apoiou a candidatura de Guilherme Boulos, num processo de capitulação que ignora o golpe de Estado em curso e se lança às eleições com promessas vazias.

Com o recente episódio do atentado a Jair Bolsonaro, em que ele teria sido alvo de uma facada em Juiz de Fora – ainda não comprovada –, o mesmo PCB cujo dirigente fora ameaçado e processado pelo tosco líder fascista apressou-se em publicar no dia 7 último uma lamentável nota de desagravo. Nela, o Comitê Central do Partido – do qual Iasi faz parte – “condena veementemente o atentado contra o candidato, na certeza de que a violência e a intolerância ideológica só produzem cenários políticos de mais violência e ódio”: uma total capitulação à extrema direita.

No momento de agir – na hora que a burguesia decide apoiar homens como Bolsonaro, quando a “Opinião Pública” está a favor da direita como hoje – separam-se os “antifascistas”, de discurso vazio, dos militantes da classe operária. Para aqueles, “a boa cova” deu lugar à critica à “violência e intolerância”.


Perguntas a um homem bom

Por Bertolt Brecht

Avança: ouvimos
dizer que és um homem bom.
Não te deixas comprar, mas o raio
que incendeia a casa, também não
pode ser comprado.

Manténs a tua palavra.
Mas que palavra disseste?
És honesto, dás a tua opinião.
Mas que opinião?
És corajoso.
Mas contra quem?
És sábio.
Mas para quem?
Não tens em conta os teus interesses pessoais.
Que interesses consideras, então?
És um bom amigo.
Mas serás também um bom amigo de gente boa?

Agora escuta: sabemos
que és nosso inimigo. Por isso
vamos encostar-te ao paredão. Mas tendo em conta os teus méritos
e boas qualidades
vamos encostar-te a um bom paredão e matar-te
com uma boa bala de uma boa espingarda e enterrar-te
com uma boa pá na boa terra.

 

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