As eleições municipais de 2020, neste início de campanha, já tem produzido episódios grotescos, mas ao mesmo tempo instrutivos sobre a situação política e mais ainda sobre o caráter dos diferentes agrupamentos políticos. O recente caso de financiamento de uma candidatura a vereador do PSOL em Duque de Caxias-RJ por banqueiros e capitalistas evidenciou a hipocrisia da esquerda burguesa e como o PSOL não passa de uma fachada para toda sorte de oportunismo.
Acontece que esse fato não diz respeito apenas ao candidato a vereador em questão do PSOL, mas na verdade ao conjunto do partido, não sendo inclusive uma novidade, pois a candidatura de Luciana Genro já foi financiada por empresas capitalistas. Além disso, esse episódio repercutiu em outros setores da esquerda pequeno burguesa, que são seguidores da política do PSOL, e foram apanhados como cumplices, como se diz com a “boca na butija”.
Como já foi destacada pelo Diário Causa Operária, o PCB, um partido que procura de apresentar como o partido “revolucionário” e ” radical”, que tem como principal bandeira a suposta defesa do “poder popular” adotou nos últimos anos uma politica de seguidismo do PSOL, atacando com ênfase o PT e os “governistas” na época do golpe de Estado, favorecendo evidentemente à direita e mais participando do jogo de alianças, buscando como se diz um lugar ao sol no regime golpista. O PCB tem acompanhado essa política de conciliação com os golpistas, do seu aliado preferencial.
Dessa forma, o PCB, apesar do discurso em defesa do “poder popular” e contra a “conciliação de classes” do PT e PCdoB, não somente tem adotada a mesma política de “frente ampla” do PSOL, como tem feito aliança inclusive com partidos que apoiaram o golpe em 2016 como a Rede e o PDT, como em Manaus.
Como tem acontecido em várias cidades do país, o PCB tem apoiado entusiasticamente os candidatos do PSOL. Em Duque de Caxias, o candidato á vereança escolhido pelos ” comunistas” para a luta pelo ” poder popular” foi justamente o “companheiro Wesley Teixeira”, o candidato ” negro e da favela”, financiando pelos banqueiros e capitalistas.
Depois da estrondosa repercussão do caso de Wesley Teixeira, a Direção municipal do PCB Duque de Caxias emitiu uma nota retirando o apoio ao ” companheiro”, e procurando se apresentar como ” surpreso” com a revelação, afinal
“em nenhuma das reuniões em que participamos foi sequer mencionado o fato de que seriam pedidas doações a figuras do grande capital, mesmo que efetivadas por pessoas físicas, ou que fosse de conhecimento coletivo do conjunto de pessoas e organizações que participavam da construção da candidatura”.
Sendo que as doações ou melhor os investimentos de capitalistas na candidatura do PSOL não foram de qualquer um apoiador, mas como a nota da direção do PCB reconhece:
“Dito isto, queremos fraternamente, mas de forma franca, explicitar nossa posição política em relação à decisão da candidatura de não devolver as doações feitas por representantes do grande capital, divergente da posição defendida firmemente por nós do PCB e pela Insurgência, doações estas efetivadas por pessoas como Armínio Fraga (ex-presidente do Banco Central no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e grande ‘investidor internacional’), Neca Setúbal (socióloga e banqueira herdeira de Olavo Setúbal, responsável pelo crescimento e expansão do Banco Itaú ) e da família Moreira Salles (considerada a família mais rica em nosso país, detentora de um “império” que vai da metalurgia ao sistema financeiro, com destaque para participação no Itaú Holding, no grupo Itaú Unibanco Participações e na Cia. Brasileira de Metalurgia & Mineração).”
Observem que ” ingenuidade” do PCB, que não viu esse ” debate” nas plenárias do candidato do PSOL. Como deveria ser segundo o PCB? colocar em pauta o recebimento de dinheiro de representantes de bancos, inclusive do ex-ministro de FHC para “Construção do Poder Popular e de uma Sociedade Socialista! Por Transformações Radicais em Duque de Caxias! ”
Além do mais, o PCB faz uma ” critica fraternal” diante de um evidente caso de corrupção de uma liderança popular, e isso somente depois da repercussão negativa do financiamento de um candidato de ” esquerda” pelos nossos inimigos de classe, sendo que mesmo assim não largam o osso e continuam apoiado as demais candidaturas do PSOl em Duque de Caxias, que também de uma maneira ” fraternal” sugeriram a devolução dos recursos doados pelos ” inimigos de classe”.
Em 2018, o PCB também integrou a chapa de Marcelo Freixo à a prefeitura do Rio de Janeiro, quando houve um ostensivo apoio de setores da burguesia, em especial da Rede Globo, como toda esquerda carioca ficou muda como um peixe, e não pegou ” mal”, o PCB também fez ” boca de siri”. Sendo que agora nem critica “fraternal” Freixo fez em relação ao escândalo de Duque de Caxias, ameaçando inclusive sair do PSOL se Wesley Teixeira fosse punido, ainda que brandamente, afinal assinalou Freixo, que outros receberam apoio de capitalistas não se falou nada. Alguns setores oportunistas do PSOL chegou a reclamar o ” lugar de fala” de Wesley Teixeira, e que sua candidatura fosse punida seria ” racismo”. Quanto a esse debate, o PCB também faz boca de siri.