O Deputado Federal Paulo Teixeira (PT-SP está neste momento empenhado em uma campanha (atrair para o campo da esquerda os bolsonaristas “arrependidos”) que expressa, de forma muito transparente, a desorientação que toma conta de um expressivo contingente não só do próprio PT, mas da esquerda nacional em seu conjunto.
O acelerado declínio do fraudulento governo Bolsonaro – a quem o seu concorrente no segundo turno das eleições de 2018, Fernando Haddad, desejou “boa sorte” – confirmado não só pelas últimas pesquisas que atestam a queda na popularidade do governo, como principalmente pelo amplo repúdio popular que vem sendo manifestado pelas mais amplas camadas exploradas do país, fez despertar em um determinado setor da esquerda nacional uma ilusória euforia, marcada pelo afastamento – obviamente por razões de sobrevivência – de alguns setores antes fiéis ao bolsonarismo e que agora se vêem obrigados a se descolar do náufrago presidente de extrema direita.
Este deslocamento que ocorre nas hostes do governo vem seduzindo uma parte importante da esquerda, que busca tirar proveito da situação, apostando no arrependimento de eleitores de Jair Bolsonaro que, de acordo com a política de um determinado setor do PT (sua facção mais direitista), deveriam ser atraídos para a política da esquerda. Trata-se de uma política reacionária, antimilitante, que desmoraliza a militância, ataca as mobilizações e a luta do partido contra os golpistas e a extrema direita, que se enfileirou detrás do bolsonarismo para atacar a esquerda brasileira, em particular o PT, seus dirigentes e ex-dirigentes (José Dirceu, João Vaccari, Delúbio Soares) e mais especificamente o ex-presidente Lula, com acusações falsas e caluniosas à maior liderança operária e popular do país.
A luta da esquerda nacional, em primeiro lugar do seu principal e mais importante partido, o PT, deve estar centrada não na estratégia de buscar atrair a extrema direita supostamente arrependida, pois ainda que possa ter havido o afastamento de certos setores da extrema direita do comboio bolsonarista, esses elementos passariam para o campo da esquerda, da luta popular, das mobilizações e da luta em defesa do ex-presidente Lula, da derrota do golpe de Estado de 2016. O que deve ser dito de forma clara é que os cardeais petistas e suas diversas correntes, particularmente aquelas alinhadas à política mais direitista abandonaram as mobilizações, a luta social de massas em favor dos acordos com um setor da burguesia (PSDB, Centrão, PDT, PSB), com uma perspectiva puramente institucional, eleitoral, apontando para as eleições de 2020 (municipais) e 2022 (eleições gerais).
A política que visa a atrair os arrependidos resulta na adaptação da esquerda à direita. Em vez de convencer, através de uma luta política feroz, amplos setores a se mobilizar contra o golpe, a esquerda reforça a direita e adota suas cores, bandeiras e palavras de ordem.
O enfrentamento ao governo Bolsonaro deve se dar através da luta por fazer evoluir a consciência das camadas populares, de fazer avançar a sua organização independente e não buscar atrair e/ou converter os inimigos do povo trabalhador, como os bolsonaristas “arrependidos” para o campo da esquerda. Esta é uma política de derrotas, que não abre qualquer perspectiva para levar adiante a luta contra o governo de destruição nacional, o governo Bolsonaro, apoiado pela extrema direita, pelos militares e pelo imperialismo. Os bolsonaristas, arrependidos ou não, não são e não podem ser nossos aliados; antes, são nossos inimigos.