Um método tradicional da direita é acusar os seus adversários políticos pelos seus próprios pecados. Um exemplo que ilustra isso muito bem é a campanha organizada pela extrema direita liberal, que procura enquadrar o fascismo como sendo um movimento de esquerda. Ambos, tanto o fascismo quanto o comunismo, seriam ‘totalitários’, regimes que se ancoram na repressão. O contraponto a isto seria o liberalismo.
Nada poderia estar mais longe da verdade.
Um dos pontos de apoio para esta comparação esdrúxula é justamente a similaridade entre a famosa Carta del Lavoro, instituída por Mussolini, na Itália. e a legislação trabalhista brasileira e a de diversos outros países.
Antes de entrar mais propriamente neste debate, precisamos destacar que para a classe trabalhadora o fundamental é a luta e a manutenção dos seus direitos. Mesmo que a CLT brasileira tivesse sido criada e promulgada pelo próprio Lúcifer, líder absoluto das profundezas do inferno, ainda assim seria nosso dever lutar pela sua manutenção. A luta pelos interesses materiais deve ser travada sem falsos moralismos.
Paulo Guedes saiu-se com esta clássica pérola em matéria para o jornal golpista Folha de S. Paulo. É curioso, mas esses ataques vieram quando Guedes comentava a respeito da chamada carteira de trabalho ‘verde e amarela’, uma manobra que procura acobertar os ataques aos direitos trabalhistas com um fino verniz nacionalista. Embora o chauvinismo não seja uma característica essencial do fascismo, é muito comum que ambos andem de mãos dadas. Enfim, mais uma vez podemos ver a direita acusando os seus adversários pelos seus próprios defeitos.
No entanto, a maior falsidade por detrás dessa acusação estapafúrdia da direita é que os grandes capitalistas e patrões, de uma maneira geral, não dão absolutamente nada para ninguém de graça, quanto mais para os seus empregados. Toda a experiência histórica acumulada mostra na realidade que todos os direitos trabalhistas foram obtidos com muita luta e sangue derrubado nas ruas e nas fábricas.
O caso da própria Carta del Lavoro, que Paulo Guedes evoca demagogicamente, só tornou-se possível por que os grandes capitalistas da Europa ficaram muito assustados com a Revolução Russa. Foram literalmente obrigados a adotar a política de entregar os anéis para não perder os dedos. Por outro lado, o governo Vargas buscou utilizar a CLT para controlar os sindicatos, de modo muito similar ao que fez Mussolini na Itália. Guedes cinicamente relembra este aspecto na matéria publicada pela Folha, mas o que ele não diz é que o objetivo da tal carteira de trabalho ‘verde e amarela’ é justamente esse. Assim como o papel que Sérgio “Mussolini de Maringá” Moro vem prestado em seu cargo de super ministro, que é o de controlar o movimento operário e sindical brasileiro fazendo uso das forças de repressão do Estado.
Não podemos cair nas falácias da propaganda direitista do governo Bolsonaro e seus asseclas, como o infame Paulo Guedes. São verdadeiros fascistas, alguns em pele de liberal, como é o caso de Paulo Guedes, outros em trajes caninos, como é o caso do próprio Bolsonaro, e o objetivo dessa turma é essencialmente o mesmo: destruir as condições de vida dos trabalhadores brasileiros e esmagar completamente a democracia operária no Brasil, como os sindicatos, partidos de esquerda e outras organizações populares.