Paulo Guedes, o ultra, hiper, suprassumo do neoliberalismo, quem diria, “parece focado em uma missão desenvolvimentista”. Assim abre a entrevista a Sonia Racy, em 4 de maio de 2020, no Jornal O Estado de S. Paulo.
Ao melhor estilo de Silvio Santos, “quem quer dinheiro”, “se andar, a Receita Federal, (acredite se quiser), dará dinheiro: 30% do faturamento da empresa, por três meses”.
Nem parece o posto Ipiranga que conhecemos
Prossegue a colunista: “Guedes acredita que o governo tem tudo pronto para defender o País”, mas, (o grande problema é sempre esse “mas”, normalmente desdiz tudo o que diz no início). Guedes conclui: “mas, vamos precisar de uma dose grande de solidariedade frente à crise do coronavírus”, o que será que ele quis dizer com isso?
Dinheiro para todos
Não serão apenas R$40 bilhões, serão R$157 bilhões prometidos pelo governo, sendo que R$67 bilhões é dinheiro dado mesmo. É essa a generosa promessa do Guedes.
O montante a ser repassado para as empresas, cujo faturamento for superior a R$10 milhões por ano, ainda não foi definido. A elas, o mão-aberta posto Ipiranga, já adianta que o governo indenizará 20% das perdas delas durante o período da pandemia.
Serão R$16 bilhões aos micro-empreendedores individuas, os MEIs, mais os as micro-empresas, às MEs, cujo faturamento somar ao ano, R$360 mil.
Às empresas de pequeno porte, as EPPs, e outras, cujo faturamento for de R$360 mil a R$ 10 milhões, o governo promete repassar R$91 bilhões. Desse montante, R$51 bilhões serão destinados ao pagamento de metade dos salários dos empregados que ganhem até R$3100. Os demais 40 bilhões são emprestados às empresas que não tiverem dinheiro disponível para pagar a outra metade dos salários. As empresas têm o compromisso de não demitir nenhum empregado e ressarcir o empréstimo que terá baixíssimos juros, promete Guedes.
As empresas aquinhoadas com faturamento anual superior a R$10 milhões não têm um montante definido ainda. No entanto, Guedes, o mão-aberta, promete indenizar 20% das perdas durante o tempo em que a pandemia perdurar.
Para as empresas aéreas, elétricas e automotivas, as garantias de ressarcimento aos empréstimos que o BNDES fará, serão debêntures conversíveis a serem emitidas empresas aéreas, isto para “quando estiverem 100% novamente”, antecipa o generoso Guedes. Para as elétricas, a garantia são as contas não pagas durante a pandemia (os recebíveis, no dizer economês). E os ativos das empresas automobilísticas no país e outras garantias das matrizes internacionais, serão a precaução do governo para dessa vez não levar o calote.
O dinheiro emprestado para as montadoras de automóveis será em tordo de R$20 bilhões; às elétricas, de R$17 a 18 bilhões; e, ainda, para Latam, Gol e Azul, R$ 3 bilhões cada.
Segue planilha demonstrativa sobre os R$ 154 bilhões prometidos por Paulo Guedes
Quem quer Dinheiro? | Dinheiro dado | ||||
1a. Camada | MEIs (R$600) Microcrédito para empresas do Simples com faturamento de até R$360 mil por ano | 3,2 milhões pagadoras do simples | R$16 bilhões | R$ 16 bilhões | |
2a. Camada | Microcrédito para empresas com faturamento de R$360 mil a R$10 milhões por ano | metade doo governo | R$51 bilhões | Fopas ou Fopag | R$ 51 bilhões |
metade da empresa | R$40 bilhões | Capital de Giro | |||
3a. Camada | Empresas com faturamento acima de R$10 milhões | Montante em estudos | 20% das perdas | ||
4a. Camada | Empresas Aéreas, Automobilística, Distribuidoras de energia | R$47 bilhões | Garantia, debêntures conversíveis; as contas de luz não não pagas; os ativos nacionais ou as garantias da matriz internacional. | ||
R$154 bilhões | R$ 67 bilhões + 20% das perdas |
E para os banco nada?
Para os bancos, sem maiores burocracias e exigências, foram os primeiros a serem beneficiados. Para esses, o também banqueiro Guedes disponibilizou R$1,2 trilhão. Para os informais, Guedes disponibilizou R$43 bilhões, cujos possíveis beneficiários amontoam-se todos os dias em frente às agências da Caixa Econômica Federal para receber a prometida esmola de R$600. Guedes e o governo não falham nunca: um leão para os informais, um carneirinho para os banqueiros e os grandes capitalistas.