Em 9 de março de 1950, nascia em Colina interior de São Paulo, Paulo Eduardo de Oliveira. Militante da causa negra nos anos 70, conheceu em meados de 1975 o jornalista e escritor Oswaldo de Camargo que o ajudaria a trilhar sua carreira de poeta. Pouco mais tarde conheceria Abelardo Rodrigues formando-se o “Triunvirato” de poetas negros daquela geração.
Paulo Colina publicou inúmeros escritos na imprensa alternativa da época, foi um dos fundadores, em 1978, do Grupo Quilombhoje que edita o “Cadernos Negros”. Além de poeta, foi também ficcionista, autor teatral, crítico e tradutor, tendo participado da diretoria da União Brasileira de Escritores.Organizou o volume AXÉ: Antologia Contemporânea de Poesia Negra Brasileira, publicado pela Editora Global e vencedor do prêmio APCA, da Associação Paulista de Críticos de Artes, na categoria melhor livro de poesia do ano em 1982. A obra reúne a produção de quatorze poetas afro-brasileiros, destacando a extensão da escrita afrodescendente em todas as regiões do país.
Seu primeiro livro, Fogo cruzado (1980) inovou trazendo a narrativa sob a perspectiva do oprimido ao abordar temas como a violência urbana, a solidão do homem e da mulher negra. Em 1984, Colina estreia na poesia com o volume Plano de Voo, ao qual se seguem as coletâneas poéticas A noite não pede licença (1987) e Todo o fogo da luta (1989). Entre outras obras trazidas à tona com sua morte precoce em 8 de outubro de 1999 Senta que o dragão é manso, de contos, Entre dentes – drama em um ato para negros, teatro, e Águas fortes em beco escuro, reunião de textos críticos.
Colina morreu quase desconhecido, o racismo estrutural e institucionalizado tentou e ainda tenta ofuscar a grandiosidade de suas obras, mas a poeticidade de seus versos permanecerá presente na temática negra, “conjugando elementos da herança e da tradição africanas e procurando sempre “alçar voo” no sentido de oferecer seus versos à leitura como metáfora para a dor de qualquer brasileiro, de qualquer ser humano.” Sua luta contribuiu substantivamente para a divulgação da produção dos novos escritores afro-brasileiros e é nossa dica de leitura semanal para os leitores do JCO.