Logo após o Twitter e o Facebook terem excluído as contas de Donald Trump para impedir sua comunicação com os manifestantes do Capitólio nos Estados Unidos, o próprio Twitter utilizou do mesmo mecanismo para atacar também outros setores.
O ataque dessa vez se deu contra o aiatolá Ali Khamenei, líder do Irã. No mesmo dia em que suspendia a conta de Trump, o Twitter apagou posts de Khamenei que criticavam e colocavam dúvidas sobre a eficácia das vacinas dos Estados Unidos e do Reino Unido (o país tem um acordo com Cuba e utilizará uma vacina feita na ilha).
Isso demonstra como é completamente falsa a ideia de que, ao restringir os direitos políticos de uma parcela da população por julgar suas ideias aberrantes, na realidade, se está tirando os direitos de toda a população. Pior do que isso, ao dar o direito a um monopólio da informação para que ele tenha o direito de decidir o que deve ser dito, por mais que no início ele ataque a direita, no fim, ele sempre irá utilizar desse mecanismo para atacar a própria esquerda.
Não devemos colocar ilusões no estado burguês e nas empresas capitalistas. A única preocupação da burguesia é a de se manter no poder. Sendo assim, ela fará de tudo para impedir o avanço da política operária, aumentando sempre que possível a opressão e diminuindo direitos básicos, como a liberdade de expressão.
Para além disso, a partir do momento que essa burguesia achar que deve utilizar a opção do fascismo para controlar a esquerda, ela o fará. Portanto, não há nenhuma preocupação em conter o fascismo e a extrema direita, mas sim, uma tentativa de obter o poder de dizer o que é verdade, o que é mentira, o que deve ou não ser dito e o que pode ou não ser feito.
Sobre isso, o ex-agente da NSA Edward Snowden, que denunciou como os EUA espionam toda a população do mundo, além de empresas internacionais, por meio da internet, disse: “O Facebook oficialmente silenciou o Presidente dos Estados Unidos. Para o bem e para o mal, isso será lembrado como um ponto de virada na luta pelo controle do discurso digital” além de dizer que o mundo existe para além dos próximos treze dias. Com isso, Snowden buscou mostrar como a empresa norte-americana, controlada pelo magnata Mark Zuckemberg, que possui nada menos do que 100 bilhões de dólares, está, na realidade, dando um passo a mais para controlar tudo o que é dito em suas redes sociais.
No entanto, o que surpreende disso tudo é que a própria esquerda apoia o estado e os monopólios internacionais em suas atitudes completamente ditatoriais. Disfarçada de “antifascista” a esquerda se alia justamente com os setores que podem colocar o fascismo no poder, fingindo que com isso fazem alguma coisa para lutar contra a extrema direita.
Mesmo com os inúmeros exemplos de como as redes sociais bloqueiam a imprensa de países inteiros por se colocarem contra o imperialismo, a esquerda pequeno burguesa continua acreditando que há algo de progressista em se colocar contra a liberdade de expressão de algum setor. Para dar somente alguns exemplos fáceis de se lembrar: a Wikipedia não permite praticamente nenhuma citação vinda de sites que apoiam o governo Maduro na Venezuela e do Irã, como é o caso da Telesur, da HispanTV e do site norte-americano The Grey Zone; o youtube já excluiu algumas vezes contas de canais de TV, como é o caso novamente do canal da HispanTV.
A questão fica ainda mais evidente quando vemos que alguns monopólios da tecnologia, como a Microsoft e o Google, são alguns dos maiores doares do comitê inaugural de Biden. Ou seja, os gigantes da tecnologia não defendem simplesmente a “democracia” como tentam dizer, mas sim, um governo em específico.
É preciso que a esquerda pequeno-burguesa pare de apostar todas as suas fichas na censura e tente ter uma imprensa própria, para confrontar a burguesia e o imperialismo, ao invés de tentar se colocar a reboque deles, além de começar a mobilizar a população em torno de seus objetivos políticos.