Parte das igrejas denominadas genericamente de ‘evangélicas’, em particular as pentecostais e neopentecostais – estas últimas sendo criação legitimamente brasileira – não raro se colocam como porta-vozes de uma moralidade especifica, conservadora, inquisidora, machista, que não têm nenhum receio de utilizar instrumentos de censura e perseguição aos que pensam diferente, inclusive de outras religiões e mesmo denominações cristãs.
O Pastor Silas Malafaia é um velho conhecido das minorias, por sua belicosidade verborrágica, atacando ativistas LGBTQI, políticos de esquerda, políticas sociais – como o Bolsa Família, e por ter grande amor ao dinheiro. Aliás, acusado de lavar dinheiro, a fortuna de Silas Malafaia, conforme revelado pela Revista Forbes em 2013, chegava a R$ 500 (quinhentos) milhões, incluindo carros de luxo.
Entre as muitas acusações que o pastor lança sobre movimentos sociais e partidos políticos de esquerda estão as velhas conspirações contra ‘os valores cristãos’, e de dominar o país com o ‘comunismo’, a cooptação da juventude por meio de ideologias ‘esquerdistas’, a cultura da homossexualidade, a destruição da ‘família’. Agora que a exposição do Queermuseu teve assegurada sua abertura no Rio de Janeiro (Parque Lage, de 18 de agosto a 16 de setembro), o Pastor, fingindo que não se trata de tentar censurá-la, pede ao Ministério Público que imponha uma classificação para proibir a participação de menores de 18 anos, alegando que a exposição vai expor “crianças de qualquer idade (…) a supostas obras de arte que fazem apologia à pedofilia, pornografia e à zoofilia, além de conterem flagrante desrespeito a figuras religiosas”.
Na realidade o que está em foco é, de fato,a censura, uma arma de que a Direita lança mão com frequência para evitar confronto de ideias, denuncias, a exposição de verdades indesejáveis para os detentores do poder, inclusive religioso. Com o golpe de 2016, vimos que o campo da cultura reagiu rápida e efetivamente contra as ações de desmonte violentamente colocadas em marcha pelo desgoverno golpista. Fica claro que a cultura expressa absoluta oposição ao atual estado de coisas em que o Golpe levou o país. Não por outro motivo, exposições com a do Queermuseu tendem à contestação, a serem encaradas como ameaça ao status quo, e a reação da direita sempre será a de calar, sufocar a liberdade de expressão.
Deve-se dizer não à censura, não ao sr. Malafaia e sua guerra contra a diversidade, contra a liberdade de expressão, contra as minorias, a favor do golpe e de golpistas inomináveis.