O regime golpista está caminhando em direção à beira do penhasco. A destruição da economia nacional, os ataques ao ensino público, a truculência contra os movimentos sociais do campo e da cidade, o desmantelamento das empresas públicas, a tentativa de impor o roubo de bilhões da Previdência etc. elevaram profundamente o descontentamento popular. A agudização desta crise ameaça levar o regime a um colapso sem precedentes. Embora a bússola dos golpistas esteja calibrada para levá-los ao arremate, certos setores têm buscado dar-lhes a sustentação necessária para que, ao menos, alguns objetivos sejam alcançados.
Nesta quarta-feira (1), em evento do Dia do Trabalhador, Paulinho da Força (Solidariedade), afirmou que ele e todo o “centrão” está trabalhando para fazer uma reforma da previdência “que não garanta a reeleição” de Bolsonaro. O que configura um apoio escancarado à “reforma” e ao próprio regime golpista, compactuando com o objetivo dos grandes capitalistas de levar o povo a miséria em detrimento do enriquecimento dos banqueiros.
Outro apoiador declarado desta política é o deputado Paulo Ganime (Novo). Em entrevista ao portal de notícias O Antagonista, Ganime afirmou que a articulação em torno da aprovação dessa “reforma” já circula pelos bastidores do Congresso há pelo menos um mês. O deputado do Partido Novo chegou a escrever no próprio Twitter: “Votei no João Amoêdo e adoraria tê-lo como presidente. Mas agora torço para que o Jair Bolsonaro faça um excelente mandato e trabalho para que o Brasil esteja muito forte em 2022, mesmo que isso resulte na sua reeleição.”
O posicionamento dos ditos “liberais” revela o caráter bolsonarista desses apoiadores do golpe. Está mais que claro que, o Partido Novo, o MBL, o Instituto Mises e o Instituto Liberal são amplamente favoráveis ao regime golpista. Os Institutos, inclusive, participaram do documentário sobre 64, onde rasgaram elogios favoráveis a ditadura militar. Em relação ao Partido Novo, sabe-se que de novo nada tem. A grande tarefa do Partido Novo ao lançar João Amoedo era de retirar votos do Bolsonaro para garantir a vitória do candidato do imperialismo, Geraldo Alckmin (PSDB), no que foi mal sucedido.
Em relação aos “liberais”, é a velha cantilena dos boçais anacrônicos adeptos do capitalismo da época de Adam Smith, onde o capitalismo estava em pleno vigor, gozava de sua fase democrática e permitia a livre circulação de mercadorias. Hoje, portanto, trata-se do imperialismo, a fase superior do capitalismo, a qual não permite a livre circulação de mercadorias. Nas condições atuais, quem controla o mercado são os grandes monopólios. O mundo, porém, se encontra partilhado entre as grandes potências, entre as associações dos capitalistas monopolistas. A política “liberal” consiste, em todo caso, na base de pavimentação para os regimes autoritários e de caráter fascista.
Por mais que o governo golpista caminhe por conta própria em direção à ruína, ele não sucumbirá por conta própria; tampouco será combatido pelo dito “Centrão” ou por qualquer via institucional. É preciso organizar as massas para formar um movimento coeso, capaz de liquidar todo o regime golpista. Para isso, é – fundamental – que Lula seja libertado, pois, é o único capaz de aglutinar as massas e promover uma mudança na correlação de forças entre a população e os golpistas.