Não bastasse a tentativa de impor o movimento reacionário e fascista conhecido como “Escola sem partido”, ou para sermos mais exatos, Escola com fascismo, golpistas querem, em primeira ordem, aniquilar por completo o sistema público de educação superior. O que antes era mero fruto de campanha da direita golpista durante as eleições presidenciais, agora tornou-se um objetivo a ser concretizado. Embora estudos já realizados na USP mostrem que o dinheiro vindo de eventuais mensalidades por parte dos estudantes não chegariam a 8% do orçamento, golpistas se esmeram em implementar o projeto de aniquilação do ensino público para beneficiar banqueiros.
Recentemente, veio novamente à tona a ideia de se cobrar mensalidades em universidades públicas. No intuito de avançar nessa empreitada escatológica, a CPI das Universidades da Assembleia Legislativa de São Paulo tem como objetivo central, a destruição do ensino superior gratuito. Segundo Daniel José (NOVO), vice-presidente da Comissão de Educação da Casa, “o conceito de universidade pública gratuita e estatal deveria deixar de existir.” Essa política de devastação do ensino público está sendo conduzida, principalmente, pela base do governo João Doria (PSDB) cujos argumentos se definem como: “aparelhamento de esquerda” das universidades públicas paulistas e “gastos excessivos” com funcionários e professores.
Já de acordo com o reitor da USP, Vahan Agopyan, o dinheiro vindo de eventuais mensalidades não chegaria a 8% do orçamento. Ainda segundo Agopyan, “uma universidade de pesquisa é cara.” Um exemplo disso é o Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, onde as mensalidades cobrem apenas 10% do custo da instituição.
Numa total falta de senso político e de crença nas instituições golpistas, os reitores dizem não temer a CPI. “Temos órgãos de controle, tenho muita tranquilidade”, afirma Sandro Roberto Valentini, reitor da Unesp. Floriano de Azevedo Marques, atual diretor da Faculdade de Direito da USP afirma que intervir nas universidades é inconstitucional, pois “a autonomia universitária, que diz que a instituição conduz seus assuntos acadêmicos e indica seus dirigentes, é absolutamente impenetrável porque vem da Constituição.”
Wellington Moura (PRB), vice-líder do governo, é o arauto da destruição do ensino público e disse que a CPI será instaurada essa semana, cujo objetivo é “investigar irregularidades na gestão das universidades públicas”. Uma das justificativas para o avanço contra as universidades é o fato de as universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e Estadual de Campinas (Unicamp) receberem 9,57% da arrecadação do ICMS do Estado; o que chega a um valor atual em torno de R$ 9 bilhões.
Aproveitando a campanha da extrema-direita, a deputada Carla Morando, líder do PSDB na Assembleia e aliada de Doria, afirmou que é “público, notório e amplamente divulgado pela imprensa” que as universidades públicas são “dominadas pela esquerda” em seus cargos de gestão e no ambiente educacional. Para ela, as universidades são uma “caixa-preta”.
Diante da escalada golpista amplamente a favor do completo desmonte da educação superior pública superior, é imperioso que toda a comunidade acadêmica (estudantes, docentes e funcionários) se organizem para fazer um grande movimento contra toda essa investida da direita golpista.