As revelações do site The Intercept Brasil demonstraram a parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro em sua perseguição contra o ex-presidente Lula. O país inteiro conheceu nas mensagens privadas entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol a forma como o juiz, que deveria julgar o caso imparcialmente, articulava-se com uma das partes, a acusação, contra o réu. Diante desses acontecimentos, um grupo de 30 juízes federais pediu a expulsão de Sérgio Moro da AJUFE (Associação dos Juízes Federais do Brasil).
No entanto, esse pedido foi negado. E não parou por aí a reação a favor de Moro. Um grupo de 270 juízes publicou um abaixo-assinado para defender o ministro da Justiça. É uma grande quantidade de juízes que se reuniram para afirmar o seguinte, no texto do abaixo-assinado, sobre as mensagens trocadas por Moro: “entendemos que seu conteúdo até agora divulgado, ainda que seja autêntico e não tenha sido editado, não ofende o princípio da imparcialidade que rege a conduta de um magistrado”.
Ou seja, pelo menos 270 juízes federais acharam conveniente explicitar publicamente que, para eles, não há nada demais em um juiz orientar a procuradoria em relação a como seguir determinada pista, ou como compor a equipe da acusação. Também não acharam nada de estranho no fato de Moro referir-se à defesa no dia da primeira audiência como “showzinho”. Lula já estava condenado desde antes daquele dia, e os argumentos da defesa não passavam de um “showzinho” para seu inquisidor.
Para esses 270 juízes, esse comportamento inquisitorial deve ser caracterizado como “diálogo interinstitucional republicano rotineiro em todos os fóruns do país“. Também consideram normal que Moro exigisse de Dallagnol alguma ação para apresentar à imprensa e manter a Lava Jato em pauta. Ou ainda que os dois discutissem entre si o racha provocado no STF pela Lava Jato, conversa que Moro coroou com a frase “in Fux we trust”.
Tudo isso seria normal, segundo a nota assinada por esses 270 juízes. Esse fato revela duas coisas importantes politicamente. Primeiro, existe um partido de extrema-direita dentro do Estado atuando no Judiciário, esmagando os direitos de toda a população e perseguindo seus adversários políticos. Esse partido saiu agora em defesa de Sérgio Moro. Segundo, a prática de juízes e promotores se juntarem para esmagar réus em processos, suprimindo qualquer direito de defesa digno desse nome, é tão generalizada que 270 juízes federais nem ficaram vermelhos de vergonha assinando um abaixo-assinado hediondo como esse.
Esse é mais um exemplo de que a luta pela liberdade de Lula é uma luta pelos direitos da população como um todo, contra as arbitrariedades do Judiciário cometidas contra a população em geral.