De outubro de 2019 aos dias de hoje, o Partido Social Liberal (PSL) registrou ao menos 1.256 pedidos de desfiliação. Esse número é quase quatro vezes superior à quantidade de solicitações registradas nos 90 dias anteriores a outubro, quando foram registrados 363 pedidos.
O evento que marcou o mês de outubro – e, portanto, o aumento nas desfiliações – foi a crise entre o presidente ilegítimo da República Jair Bolsonaro e o atual presidente nacional do PSL, Luciano Bivar. Naquele momento, Bolsonaro criticou publicamente Bivar, o que levou o partido a uma profunda crise e a uma inevitável divisão. Luciano Bivar reagiu expulsando Bolsonaro do PSL, enquanto Bolsonaro iniciou sua tentativa de fundar um novo partido.
Um partido artificial e improvisado
A saída acelerada de filiados do PSL nos últimos meses – isto é, ainda no início do governo Bolsonaro – revela a artificialidade da agremiação comandada por Luciano Bivar. O PSL, que participou de várias eleições desempenhando um papel extremamente secundário, rapidamente cresceu de tamanho e passou a assumir cargos importantes em todas as regiões do país após as eleições de 2018. Foi o PSL, inclusive, que forneceu abrigo para o fascista Jair Bolsonaro, que estava sem partido, mas se apresentava como uma alternativa à direita para a sucessão do governo golpista de Michel Temer.
O inchaço que o Psol experimentou nada teve de natural – ao contrário do que buscou mostrar a imprensa burguesa, nunca houve um movimento gigantesco e popular em torno da figura de Jair Bolsonaro. Seu crescimento foi todo impulsionado e orquestrado pela burguesia, de modo que, em poucos meses, ficou escancarado que o presidente ilegítimo não tinha apoio popular.
A extrema-direita se recompondo
A necessidade de forjar um partido totalmente artificial demonstrou que o regime político se encontra completamente falido. A burguesia já não consegue mais governar por meio de seus partidos tradicionais – como o MDB e o PSDB -, que são reconhecidos por toda a população como representantes da política neoliberal. Essa crise, no entanto, embora abra brechas para que a esquerda intervenha na situação política, favorece também o crescimento da extrema-direita, que avança na medida em que não é combatida.
O esvaziamento do PSL, assim, acabou por favorecer que a extrema-direita nacional começasse a se reorganizar em um novo partido: o Aliança pelo Brasil, que seria um partido de extrema-direita “puro sangue” e que deverá ser mais fortemente controlado pelo fascista Jair Bolsonaro.