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DCO entrevista

Paraisópolis: a chacina da PM descrita pela mãe de uma vítima

Entrevistamos Taís Silveira, mãe de uma das vítimas não letais do massacre de Paraisópolis.

Na semana que seguiu o massacre de Paraisópolis, a Causa Operária TV (COTV), em conjunto com o Diário Causa Operária (DCO), entrevistou Taís Silveira, mãe de uma das vítimas. Seu filho, Vinícius, sobreviveu ao massacre, mas sofreu várias fraturas resultantes da ação criminosa da Polícia Militar (PM).

Vinícius

Segundo Taís Silveira, seu filho teve o rosto quebrado pela PM em dois lugares. Vinícius sequer esteve no Baile 17, que foi invadido pela polícia no dia do massacre. Mesmo assim, entrou para a estatística das vítimas da PM.

Às 3h30 da manhã, meu filho já tinha sido espancado pela Polícia Militar.

Pisoteamento, não: espancamento

A explicação que a PM apresentou para a chacina de Paraisópolis foi a de que os jovens mortos e feridos naquele dia haviam sido pisoteados pelos próprios moradores. O pisoteamento, por sua vez, teria sido motivado pela invasão agressiva da PM, que encurralou moradores que estavam no Baile 17 com tiros de borracha e gás lacrimogêneo.

Se a versão da PM fosse verdadeira, já seria inadmissível – uma pura demonstração do caráter violento e criminoso da ação da PM, inimiga do povo e das favelas. No entanto, Taís Silveira declarou que seu filho não foi pisoteado, nem tampouco viu qualquer pisoteamento:

Ele não foi pisoteado. Ele não viu esse pisoteamento. Ele estava justamente onde a polícia encurralou [os jovens]. Ele teve o rosto quebrado por cassetetes e o amigo dele que estava com ele.

Haver contradição entre as versões da PM e os fatos não é nenhuma novidade. Afinal de contas, não seria razoável pensar que a PM, que é uma organização criminosa criada para reprimir duramente o povo pobre e negro, venha a público para falar, abertamente, as barbaridades que comete.

O que aconteceu com Vinícius é apenas um exemplo dessas barbaridades. Conforme relatado por sua mãe, o jovem foi agredido por cassetetes pela polícia – e é possível que o mesmo possa ter acontecido com todos os mortos na chacina, que não tiveram a oportunidade de denunciar a ação da PM.

A Polícia Militar, tanto no Rio de Janeiro como no resto do país, possui um vastíssimo histórico de torturas e agressões gratuitas. A PM foi um pilar fundamental da repressão durante a ditadura militar de 1964-1985, que torturou milhares. Na Bolívia, a polícia é uma peça fundamental do golpe, que apresenta várias características fascistas. No Rio Grande do Norte, um destacamento abertamente fascista assassinou o segurança particular da atual governadora, Fátima Bezerra. Nas periferias de todo o país, os métodos terroristas são reproduzidos em larga escala, com assassinatos em frente à família, sequestros, torturas em troca de informações e agressões a meros transeuntes.

Polícia invadiu o baile três vezes

Além de pôr em dúvida a versão do pisoteamento, Taís Silveira contesta os motivos pelos quais a PM teria entrado em Paraisópolis:

Não foi a primeira vez que a polícia entrou naquela noite. A polícia já tinha entrado na favela mais duas vezes e dispersado o baile. Na terceira vez aconteceu aquilo. Ou seja, essa desculpa que eles estão falando de que entraram lá atrás de uma moto que tinha escapado da polícia é a maior mentira.

Esse relato apenas reforça o tipo de ação que a Polícia Militar está acostumada a realizar todos os dias. Afinal, a PM foi criada justamente com esse fim: o de aterrorizar a população para que a burguesia tenha os seus interesses atendidos. Não fosse a PM, seria impossível que a direita conseguisse aplicar a duríssima política neoliberal que vem aplicando – sem a repressão, o altíssimo desemprego, a falta de perspectiva, os golpes de Estado e a economia indo por água abaixo já teriam dado lugar a uma revolta vitoriosa contra o regime político.

Não é só Paraisópolis…

Em tantos outros bairros acontece, né? De domingo para cá, pode ter certeza que outros jovens de periferia morreram sem a gente nem ficar sabendo.

A ação criminosa da PM se vê em todo o país desde que foi criada. Seja no Rio de Janeiro, onde o povo está morrendo todos os dias nas favelas, seja no Amazonas, onde a polícia matou 17 pessoas em apenas uma madrugada, a PM está sempre presente para garantir que os interesses da burguesia se imponham. Nem mesmo os estádios de futebol escapam do terror da PM.

Com o crescimento da extrema-direita, a PM tem se tornado cada vez mais sanguinária, uma vez que as condições para a repressão da população são ainda mais incentivadas pelo governo Bolsonaro e por seus aliados.

Quando há paz?

Os acontecimentos do último domingo (1) deixaram Taís Silveira ainda mais receosa diante da atuação da PM:

Eu agora estou com medo de meu filho sair, mas não é medo de ele ser assaltado, é medo da polícia.

De fato, o receio é mais do que legítimo. A Polícia Militar é uma máquina assassina e não vai parar de perseguir os trabalhadores. Por isso, é preciso exigir a dissolução imediata da PM. É preciso extinguir essa que é uma corporação criada para defender os interesses da burguesia e criar milícias populares, sob controle dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, é necessário organizar um movimento que ponha abaixo todos os golpistas que estão incrustados no Estado para atacar a população – fora Witzel, Doria, Bolsonaro e todos os golpistas!

No fim da entrevista, Taís Silveira relatou o que as favelas entendem como paz:

– Tem polícia na quebrada?

– Não.

– Então a quebrada está em paz.

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