É fato já inequívoco que os trabalhadores de aplicativo como UberEats, Ifood, entre outros, são super-explorados por empresas que não asseguram direitos básicos de uma categoria que recebe por produção em condições extenuantes e vive sob intensa pressão para levar o mínimo de sustento para casa. Trabalhadores doentes, acidentados e famílias que não tem qualquer segurança. Sem contar que toda a estrutura de manutenção dos veículos, aparelhos celulares e até as bolsas carregadoras são de responsabilidade dos trabalhadores.
A pandemia escancarou a verdadeira escravidão a que esses trabalhadores estão submetidos e a falta de alternativas do capitalismo – em crise terminal – de manter condições mínimas para que o indivíduo seja explorado pelos capitalistas e consiga a sobrevivência de sua família. A crise sanitária mundial provocou o aumento da demanda por entregadores de aplicativos e, com o desemprego crescente, possibilitou que essas empresas impusessem condições de trabalho extremamente precárias, sujeitando trabalhadores a condições análogas à escravidão.
Segundo pesquisa da RankMyApp, empresa de tecnologia para divulgação de aplicativos, o número de aplicativos de entrega baixados cresceu 200%. Somente em abril, mais de 22 milhões de celulares instalaram apps de entrega, o maior número de adesões dos últimos seis meses. O numero de trabalhadores sem experiência no trânsito das grandes capitais fez com que o numero de acidentes e mortes desses trabalhadores aumentasse. Dados do Infosiga mostram que, em março de 2020, 39 motoboys morreram nas ruas da capital paulista, contra 21 no mesmo mês do ano anterior.
A situação é muito grave e precisa de um combate sério e efetivo. Um relato da trabalhadora de entregas Keliane Alves Pereira mostra como essas empresas tratam os funcionários e demonstra a urgência de uma ação organizada de conjunto contra esse trabalho escravo: “As demandas dos entregadores diminuíram pela quantidade de pessoas disponíveis e as empresas estão se aproveitando para explorar ainda mais. Agora pouco, neguei uma viagem de quase 40 Km que ia me pagar entre R$15 e R$ 20 reais. Eu me senti escravizada e preferi ir para casa e eles não estão nem ai, porque sabem que eu nego mas tem outros que vão pegar a corrida”.
Sem transporte público, muitos entregadores tem que pedalar 30 ou 40km de volta para casa. Outro exemplo da exploração escravizadora é que as empresas não disponibilizam banheiro e locais para beberem água e lavar a mão. Muitos entregadores tiveram suas contas bloqueadas de um dia para outro sem motivo algum e só conseguiram voltar após se unirem e conseguirem forçar a empresa a reverterem o bloqueio. Alguns ficaram de 20 a 30 dias sem qualquer remuneração.
É preciso que a CUT aja de forma incisiva e forte para combater o tal “empreendedorismo” que é na realidade, uma forma disfarçada de escravidão. Para isso, deve-se opor as reivindicações dos trabalhadores contra os ataques dos capitalistas, representado pelo governo Bolsonaro e todos os golpistas.