Na última segunda-feira (7), o jornal golpista Folha de S. Paulo publicou mais uma coluna da deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP). O texto, intitulado “A urgente resposta à polarização”, é um ao método da esquerda e uma defesa da própria Tabata Amaral diante das críticas que vem recebendo por sua política de colaboração com o regime golpista.
Tabata Amaral inicia seu artigo alegando que a polarização política é um mal para a população . Segundo ela, seria um fenômeno impulsionado pelos “extremos” que inviabilizaria o progresso social:
Dado o holofote que a polarização proporciona para os extremos que a alimentam, quebrar esse ciclo vicioso é extremamente difícil.
Enquanto isso, é a população como um todo quem mais sofre com um fla-flu que não resolve problema algum. As forças políticas de hoje se digladiam preferencialmente nas redes, identificadas nos likes ou no ataque dos haters.
Ao contrário do que a deputada pedetista afirma, a população não sofre com a polarização política – essa que é, na verdade, a expressão das angústias e de todo o sofrimento do povo. A polarização política não é o resultado de um “fanatismo”, tampouco uma tática para promover figuras que se autodeclarem “extremistas” – é um fenômeno concreto e que expressa o movimento das classes sociais.
O mundo é dividido em classes. Fundamentalmente, entre a burguesia, minoritária e detentora dos meios de produção, e a classe operária, amplamente majoritária e obrigada a vender sua força de trabalho para sobreviver. Para que a burguesia consiga exercer sua dominação sobre os explorados, ela procura estabelecer uma situação de “centro político” – ou seja, uma situação em que, aparentemente, explorados e exploradores estariam sendo beneficiados, mas que garantisse o poder político nas mãos das camadas dominantes para que continuem saqueando toda a população. Na medida em que a política de saque contra a população vai se intensificando, os trabalhadores inevitavelmente começam a se rebelar contra o regime político, causando instabilidade para a burguesia. Para conter essa revolta, a burguesia se organiza, em reação, para tentar conter a revolta popular. Daí se manifesta a polarização política.
Combater a polarização política é, portanto, combater as tendências revolucionárias da população. É pedir que os trabalhadores, ao se levantarem contra os seus algozes, larguem suas armas e abracem a corja imunda responsável por todas as catástrofes dos últimos dois séculos. Trata-se, portanto, de uma política reacionária, que tem como objetivo salvar a burguesia da revolta popular.
No desenvolvimento de sua coluna, Tabata Amaral apresenta de maneira bastante clara qual é a política ideal para a burguesia – isto é, o arrefecimento da polarização política:
Caminhando para o fim do primeiro ano de mandato, percebo que, para muitas pessoas, é absurda a existência de uma visão de mundo para além dos polos. Ódios e paixões fazem com que a razão perca lugar.
Enquanto isso, cada vez mais nos falta a existência de atores políticos que defendam o combate à pobreza e às desigualdades sociais, e a preservação do ambiente e que, ao mesmo tempo, tenham um compromisso real com o equilíbrio fiscal e com reformas estruturais que aumentem a competitividade da economia do país.
Entregar o petróleo brasileiro ao imperialismo norte-americano e aumentar o preço do combustível sem causar uma greve como a dos caminhoneiros em 2018, prender o maior líder popular do país sem causar um impasse nacional como o que aconteceu no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC antes da prisão de Lula, destruir as universidades públicas sem causar uma explosão popular que levou mais de um milhão de pessoas às ruas no início de 2019 e aumentar o desemprego sistematicamente sem causar protestos diários contra o governo é o sonho da burguesia. Obviamente, se a direita fosse capaz de realizar todos os ataques contra os trabalhadores sem tornar a situação do país incendiária – colocando o próprio regime em risco -, ela assim faria.
Aquilo que Tabata Amaral chama de “equilíbrio fiscal e de “reformas estruturais” é precisamente a política da burguesia: o arrocho salarial, o desemprego, o confisco da aposentadoria, a destruição dos direitos trabalhistas, as perseguições políticas etc. Todos os aspectos dessa política, que beneficiam única e exclusivamente os bancos, devem ser completamente refutados pelos trabalhadores. A proposta de Tabata Amaral, portanto, é, justamente, aplicar a política da direita sem, com isso, provocar uma intensificação da polarização política – ou seja, fazendo demagogia em torno do meio ambiente e da igualdade social.
A burguesia, no entanto, é inimiga da igualdade social, do meio ambiente e da cultura. Não é possível ter como política a manutenção da política neoliberal, que busca saquear os povos de todo o mundo, e a promoção de qualquer igualdade – a menos, é claro, que essa promoção seja puramente demagógica. E essa é exatamente a política de Tabata Amaral: ao mesmo tempo que discursa a favor da educação e contra a violência da extrema-direita, defende a “reforma” da Previdência e a manutenção do governo Bolsonaro.