A deputada federal Tabata Amaral esteve nesta segunda-feira (14) no centro do programa Roda Vida, onde falou de diversos temas polêmicos, como sua relação estremecida com o PDT, principalmente por ter apoiado a reforma da previdência, medida que prejudica em muito as mulheres da classe trabalhadora. Tabata é conhecida por ter posicionamentos que num primeiro momento podem parecer progressistas, mas que, na verdade, são bem reacionários. Um bom exemplo disso se deu no programa, quando a deputada mostrou seu posicionamento em relação ao aborto.
Pouco antes de 20 minutos de programa, Silvia Amorin questiona Tabata sobre a questão da mulher e como ela pode, ao mesmo tempo em que defende cota para mulheres no Senado, ser contra a descriminalização do aborto, já que também defende bandeiras como a do “feminismo”. A resposta da deputada explica bem de qual lado ela está: “para mim, a legislação que a gente tem hoje sobre o aborto é suficiente.” A legislação que Tabata afirma ser suficiente para ela é a mesma que a cada dois dias mata uma mulher por aborto clandestino, segundo dados do Ministério Publico. É a mesma que deixou, somente em 2015, cerca de 250 mil mulheres internadas em decorrência de aborto clandestino e totalmente inseguro.
A legislação que Tabata afirma ser suficiente é válida somente para as mulheres mais pobres, negras, com baixa escolaridade e trabalhadoras, pois um aborto seguro no Brasil existe, mas custa, em geral, entre 5 e 10 mil reais em clínicas seguras em bairros nobres da cidade, algo que somente mulheres da classe média mais alta e burguesia podem pagar. Mas a deputada “feminista” não para por aí, ela continua tentando justificar sua falsa defesa da mulher afirmando que: “Tem a vida de uma mulher, mas tem também a vida de um feto. Isso é um dilema ético pra mim, e não me faz menos feminista”.
Esse comentário seria cômico se não fosse trágico, é como se ela afirmasse que defende as mulheres, mas que tudo bem se algumas morrerem em decorrência de aborto clandestino porque o Estado conservador não dá a mínima para a saúde das mulheres pobres e porque ela tem um dilema ético. O posicionamento dela é claro, defende cota para mulheres na política, algo que em geral é voltado para mulheres que já são bem de vida, mas é contra uma das principais pautas da defesa da mulher, que atinge principalmente mulheres negras e pobres, que é a descriminalização do aborto.
Tabata trata a questão do aborto como se a opinião pessoal dela fosse relevante para o tema, quando, na verdade, o único fato relevante para o tema é a quantidade de mulheres que morrem ou tem graves complicações em aborto inseguro, ou seja, é um tema essencialmente ligado a saúde, nada tem a ver com a ética de Tabata. Aliás, para alguém que se diz defender o direito das mulheres, ela está se parecendo mais com um conservador, pois não há argumento que justifique esse posicionamento absurdo dela. A realidade é essa, Tabata é uma conservadora.
Não tem como fazer uma defesa coerente das mulheres sem defender a descriminalização do aborto, essa é uma pauta essencial e que não deve ser barganhada em troca de nada. Envernizada por seu currículo da Harvard e por seu histórico de quem “veio da periferia”, Tabata acha que consegue enganar. Muito pelo contrário, cada dia fica mais claro o que e quem ela representa, que é a política da burguesia, do imperialismo e dos empresários que moldaram ela. Tabata não representa as mulheres trabalhadoras.