Para que serve o identitarismo? Feministas querem impedir homenagem a maior poeta do Chile, Pablo Neruda

Para que serve o identitarismo? Feministas pequeno-burguesas querem impedir homenagem a maior poeta do Chile, Pablo Neruda.

O projeto de lei que visa dar o nome de Pablo Neruda ao aeroporto internacional de Santiago, no Chile, vem sofrendo oposição e críticas de grupos feministas pelo fato de o poeta haver confessado o estupro de uma empregada doméstica, quando ocupou um posto diplomático no Ceilão (atual Sri Lanka), em 1929.

Desde 2010, foram quatro as tentativas de rebatizar o aeroporto com o nome do poeta chileno.

No texto do último projeto, de 2014, aprovado pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, argumenta-se que o “caráter universal, transcendente, nacional e mundial” de Neruda “une o país em termos de cultura e identidade”.

Além disto, o projeto também ressalta que “é por essa qualidade singular do que representa no mundo e para nossa terra que, independentemente das diversas posições políticas, dar ao principal aeroporto do Chile o nome do poeta Pablo Neruda seria de grande benefício para o país. O Chile é que ganha com esse reconhecimento”.

Vemos aí o conflito de duas lutas, colocadas em uma oposição artificial e falaciosa.

Por um lado, vemos feministas apoiando-se em estratégias recentes, que não colocam os fundamentos da sociedade capitalista, a sociedade de classes, como a base de toda a exploração das mulheres, mas, de forma inócua ao sistema econômico, levam a luta para pautas artificiais e de cunho moral, geralmente focadas em aspectos secundários e até mesmo irrelevantes da luta das mulheres, censurando-se, por exemplo, determinadas maneiras de falar ou um e outro comportamento.

No outro lado da querela, vemos a luta de um povo, que encontra sua identidade na luta e na arte de Pablo Neruda, e que vê nas características singulares do poeta a representação de toda uma tragetória de transformações históricas pela quais busca seguir a sociedade chilena. Uma tragetória baseada principalmente na contínua luta das classes exploradas contra os diversos exploradores que continuamente atacam os povos de toda a América Latina.

Com base na ideologia identitária, patrocinada pelo imperialismo, setores da pequena-burguesia há algum tempo têm sido habilmente conduzidas para fora da luta real – a luta dos explorados contra os exploradores – tornando a sua luta cada dia mais artificial e não efetiva.

E isto tem um motivo bastante claro: uma vez que as mulheres representam parcela mais sensível à luta de classes, já que duplamente exploradas, em muitas oportunidades foram o estopim para grandes rebeliões populares, que depois se desenvolveram em verdadeiras revoluções.

A Revolução Russa foi o exemplo maior desta característica atuação feminina, quando as operárias foram às ruas de Petrogrado, em feveiro de 1917, que foi a faísca que acendeu a fogueira da primeira revolução proletária da história, quando o poder da monarquia tsarista foi sepultado para sempre.

Diante da força do feminismo classista, a burguesia imperialista, ao longo do tempo, foi semeando um feminismo que se afasta da luta de classes, onde operários, homens e mulheres, são seus naturais aliados, e que no lugar foi colocando as chamadas “pautas identitárias” cunhadas diretamente da chamada “nova esquerda”, que, na verdade, abandonou totalmente a luta contra a raiz primordial da exploração.

No Brasil, por exemplo, este feminismo identitário não foi capaz sequer de organizar um luta minimamente eficaz contra o golpe desferido contra a única mulher eleita para a Presidência da República em nosso país, e cuja manipulação direitista utilizou-se largamente dos mais abusivos atos de violência moral contra Dilma, como mulher.

Quando o povo chileno busca levar o nome do poeta comunista ao maior aeroporto internacional do país, certamente não se estará homenageando um ato bárbaro cometido por Neruda nos idos de 1929, mas sim toda um tragetória de vida e de luta pelos explorados do Chile, e que é inspiração para gerações e gerações de militantes em uma guerra de classes, que é a única capaz de realmente libertar as mulheres de toda forma de exploração.

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