Dentro de alguns dias, o governo Bolsonaro completará oito meses de existência. Imposto pela burguesia por meio de uma fraude eleitoral, Bolsonaro é a continuação do golpe de Estado de 2016. Embora sustentado pelos setores mais poderosos da burguesia, Bolsonaro foi a forma “torta” que a direita encontrou de manter os ataques contra os trabalhadores.
O governo Bolsonaro é um dos governos mais improvisados da história – mais improvisado até mesmo que o governo Collor. Montado às pressas para suprir o esvaziamento eleitoral dos partidos tradicionais da burguesia, abriga desde setores médios da burguesia, latifundiários, pastores e vigaristas de quinta categoria aos políticos estreitamente vinculados ao imperialismo até as Forças Armadas.
Em um dos acenos de Bolsonaro à sua base de extrema-direita e, especialmente, aos latifundiários do centro e do norte do país, o presidente ilegítimo decidiu adotar uma política de incentivo às queimadas nas florestas. Isso, por sua vez, levou vários fazendeiros e grileiros a tocar fogo em uma área imensa do território amazônico, causando uma devastação enorme na região em favor do latifúndio.
O incêndio na região amazônica tomou enormes proporções. Mais um fator de crise para o governo Bolsonaro, que está sendo visto por todo o planeta como o responsável por incendiar a maior floresta tropical do mundo. Além de destruir parte do patrimônio nacional, o incêndio tem tido uma repercussão enorme na imprensa burguesa mundial. Isso, no entanto, não implica nenhuma preocupação do imperialismo com a questão ambiental.
Os países imperialistas pretendem aproveitar a crise em que o governo Bolsonaro se encontra para ampliar sua política de ingerência na Amazônia. Há muito tempo, França, Inglaterra, Alemanha e outros países imperialistas europeus disputam com os EUA um “quinhão” para se apropriar de parte da riqueza da região. A desculpa de que o governo brasileiro não teria competência suficiente para preservar a floresta seria, portanto, um pretexto perfeito para que esses países enviassem suas tropas para ocupar as florestas brasileiras.
O presidente francês Emmanuel Macron já falou que a Amazônia era o “pulmão do mundo”, dando a entender que o mundo inteiro poderia intervir no território brasileiro. O governo da Finlândia, por sua vez, estuda sabotar a importação de carne brasileira para pressionar uma ingerência estrangeira na Amazônia. Claramente, há uma tentativa do imperialismo europeu de tomar de assalto uma das regiões mais ricas do planeta.
A Amazônia não é assunto dos europeus – mas sim dos brasileiros. Se o governo Bolsonaro está destruindo a região, é preciso levantar a palavra de ordem de “fora Bolsonaro” e organizar um movimento pela derrubada do governo. No entanto, os trabalhadores e a esquerda em geral devem rejeitar qualquer frente de ação com Macron ou com qualquer outro elemento do imperialismo. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Fora intervenção imperialista!