Matéria da Folha de S. Paulo, jornal que apoiou os golpes de estado de 1964 e o de 2016 abertamente, e que agora se coloca como defensora da democracia (burguesa), relata a situação dos moradores de rua durante os dias mais frios do ano, onde os termômetros registraram 8ºC.
Trata de relatar o quase nada que possuem, como se ninguém soubesse, e coloca a situação de dependerem de ajudas voluntárias da população e entidades religiosas para não morrerem de imediato.
E dizem os números de São Paulo, são 25 mil nessas condições, sendo a maioria de idosos. E ainda relatam que o Covid-19 já ceifou 115 mil no país e dessas 11 mil só em São Paulo. Eles estão entre o vírus e o frio, o que matar primeiro.
E curiosamente não falam nada da obrigação do estado e demais poderes públicos de cuidar dessa gente. Consultada a prefeitura da cidade, eles apresentaram números de acolhimento, mas não explicaram os 25 mil desabrigados, nem o que farão para mudar a situação deles. Mas a miséria, dos outros, é manchete e serve para engordar os lucros com as vendas do jornal, usando a miséria da população como instrumento.
Já a manchete revela a intenção do jornal, diz “ frio em São Paulo ameaça a ‘cidade paralela’ de sem teto e expostos a Covid-19”. O que chamam de cidade paralela, na verdade se trata da população pobre, trabalhadora e negra, que perderam o emprego e não tem como pagar aluguel nem mesmo em barracos de favela.
E por isso não tem outra opção a não ser morar na rua. Não é por opção que estão nas ruas, mas justamente por falta de opção, e ainda porque tiveram a sorte de, por enquanto, não serem abordados pela polícia, que certamente irá matá-los sem cerimônia.
Essa população faz parte da população da cidade, só que são a parte mais esmagada dela. Trata-se da população excluída de emprego, renda e da vida social. E é isso que a ‘Falha’ tenta encobrir. Como se não fizessem parte da cidade, talvez na intenção de sumir com eles das vistas de todos. É o que todo fascista costuma fazer, varrer da vida tudo ou todos que exponham a crueldade do sistema, varrendo a sujeira para debaixo do tapete para que os outros não a notem. Apresentam um mundo maravilhoso, na superfície, mas que na essência é todo podre e carcomido por imundícies.
Daí concluímos que a política que defende a ‘Falha’ é tão fascista como foram a de Mussolini, Franco, Salazar, Hitler e o Imperador japonês. E na atualidade o próprio presidente beneficiado pelo golpe de 2016.
Provavelmente ela faz isso para acobertar a falta de política social do prefeito e do governador, ambos do PSDB, e querem que esses partidos de direita continuem no poder. E para isso é necessário jogar a sujeira para debaixo do tapete, afinal o que os olhos não vêem o coração não sente, diz o ditado popular.
Por esses mecanismos, fraudadores da realidade e das urnas, é que o PSDB tem se mantido na prefeitura e no estado por tantas décadas. Ao contrário do que pensa a esquerda, que vê nas eleições a possibilidade de fazer acordo com esses genocidas que querem exterminar os pobres, seja por fome ou miséria, seja pelo vírus.
Na verdade não querem crer que é essa a realidade da política da direita, e não por acaso, mas de caso pensado, buscando salvar o capital à custa do genocídio da classe trabalhadora.
Ou então esperam manter seus cargos no sistema burguês e os trabalhadores que se vire como puder, já que os sindicatos estão fechados e não atendem durante a pandemia, enormes perdas salariais, de emprego e de benefícios conquistados com muita luta por décadas.
Mas há luz no fim do túnel, é uma questão de opção apenas, que envolve luta e resistência. Seria uma política que a população se organize em conselhos populares, discutem as prioridades imediatas, como construir moradias para todos os moradores de rua e implantar um sistema de renda para eles. Utilizar os hotéis, pousadas, prédios abandonados como moradia. Distribuição de alimentos, medicamentos, produtos de limpeza, álcool, máscaras. Estatizar todo sistema de saúde: hospitais, laboratórios, produção de medicamentos, etc. Proibir demissões, readmitir os que foram demitidos. Fim das privatizações e reestatizar as já realizadas. Todo trabalho será em turnos e com as medidas de isolamento necessário. Controle do abastecimento de gêneros de primeira necessidade para evitar especulação. Afastamento remunerado para os afetados pelo vírus. Não proibir os direitos políticos e de manifestação. E convocar uma assembléia constituinte com controle, eleição e participação popular.
Os conselhos e o povo organizado devem pressionam o Estado para realizar esse plano, todos nas ruas. Já que podemos trabalhar, também podemos manifestar.