A filósofa Djamila Ribeiro, eleita pela imprensa burguesa como um ícone nacional do “feminismo negro”, participou, no último dia 14, de uma conferência na 19ª Feira do Livro de Rio Preto. Na conferência, Djamila defendeu que as feministas devem ser contra todo tipo de opressão – como a opressão contra os negros e os LGBTs – e orientou seu público sobre como combater essas opressões.
De fato, a mulher, o negro e os LGBTs têm todos um inimigo em comum: o sistema capitalista, que esmaga amplos setores da população para que a burguesia permaneça saqueando todas as riquezas da humanidade para si. No entanto, não é essa a perspectiva que Djamila coloca: para ela, as opressões ocorrem de maneira acidental, isto é, sem um motivo real. Combater as opressões, para Djamila, seria combater os “preconceitos” em uma espécie de saga educacional e cultural.
Segundo Djamila Ribeiro, a mulher ou o negro não precisam de uma aliança para travar uma luta política contra o Estado burguês: basta que cada oprimido se “empodere” que o problema fundamental da opressão estará resolvido. A solução para todos os problemas dos oprimidos seria, portanto, uma solução individual: o negro que decidir que não será mais tratado como um escravo, automaticamente deixará de ser um gari que apanha da polícia na favela para se tornar o CEO de uma empresa de tecnologia.
Embora Djamila considere que o oprimido possa se libertar de sua condição de opressão por meio de sua “atitude”, a filósofa propôs, em sua conferência, que as empresas ocupassem um papel fundamental na destruição das opressões. Segundo ela, “empresas podem assumir o papel de ter um comitê de diversidade, em que vão contratar maior número de mulheres. Se forem gestores públicos, criar políticas que combatam essa desigualdade”.
As teses do “empoderamento” e da “empresa anti-opressão” mostram uma completa desorientação de Djamila Ribeiro em relação à luta dos oprimidos dentro da sociedade capitalista. Se o que determina a opressão são justamente as relações impostas pelo capitalismo, a única alternativa para os oprimidos é destruir o capitalismo, não adaptar suas relações para que tenham uma aparência mais “agradável”.
As empresas que, por algum motivo, tenham comitês em prol das mulheres ou dos negros não deixam de ser, fundamentalmente, empresas, isto é, organizações vitais para a sustentação do capitalismo. A lei máxima que orienta o funcionamento da empresa é se ela vai encher os bolsos dos seus patrões ou não; considerar que qualquer outra preocupação seja colocada em primeiro plano é uma hipótese absurda.
O “empoderamento” não é uma invenção de Djamila Ribeiro. Há muito tempo, a burguesia vem defendendo, por meio de charlatões infiltrados nos movimentos sociais, que o papel dos oprimidos no século XXI seria o de se “empoderar”. No entanto, todas as vezes em que a questão do “empoderamento” é levantada, só há de fato um interesse: minar toda e qualquer possibilidade de que os oprimidos se insiram em um verdadeiro movimento político. Não é à toa que Djamila Ribeiro é aclamada por setores da imprensa golpista, como as Organizações Globo, e homenageada pela burguesia mais nefasta contra as mulheres, negros e trabalhadores, como no caso do presidente francês Emmanuel Macron.
A luta dos oprimidos é a luta pela derrubada do capitalismo. Portanto, nenhuma das novidades de Djamila Ribeiro podem ser levadas em consideração pelo movimento negro e pelos oprimidos em geral: é preciso que todos os oprimidos se aliem aos trabalhadores para acabar com a farra dos capitalistas.