O governo avança no ataque contra os indígenas do Vale do Javari. Trata-se de uma reserva de 8 milhões de hectares com a maior concentração de povos isolados no mundo. A área é cobiçada por empresas extrativistas de madeira e minério, além de latifundiários.
Na semana passada, o coordenador-geral em Brasília da divisão da Funai responsável por índios isolados e de recente contato foi exonerado por Bolsonaro. Há cerca de um mês, o técnico que estava prestes a assumir a coordenadora – Maxciel Pereira – fora assassinado em Tabatinga. E agora, o coordenador substituto – Francisco Ribeiro Gouveia – pediu para deixar o posto.
Em sua carta de desligamento, Gouveia enfatiza que é de conhecimento de todos “a precarização/fragilização dos meios para o atendimento de nossa missão institucional de proteção dos direitos dos povos indígenas isolados e de recente contato que vivem da terra indígena Vale do Javari.” E continua: “Eu e meus colegas de trabalho vivemos um momento delicado, com consecutivos ataques violentos contra uma de nossas bases de proteção etno-ambiental e o assassinato de um colaborador nosso, que dedicou grande parte de sua vida aos índios e à Funai.”
O servidor critica ainda a exoneração do antigo coordenador – Bruno Pereira – no momento em que vinha sendo desenvolvido um trabalho de aproximação com indígenas kurubos. Outros servidores e indigenistas fizeram uma carta aberta para denunciar a exoneração.
Com essa atitude, Bolsonaro busca isolar os indígenas do Javari do acesso à Funai, instância que tem a função de protegê-los.