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Papel da esquerda não é guiar o governo Bolsonaro, é acabar com ele

O deputado federal Marcelo Freixo, eleito pelo PSOL-RJ e candidato do partido à presidência da Câmara dos Deputados, publicou um vídeo em que analisava o governo Bolsonaro. Recorrendo a uma série de teorias fantasiosas, Freixo foi incapaz de denunciar o principal aspecto por trás da eleição de Bolsonaro: a cassação da candidatura de Lula.

Segundo Freixo, o governo Bolsonaro seria composto por uma base fanática, setores do mercado e pelos militares. Ou seja, o bolsonarismo seria um fenômeno repentino, uma combinação momentânea de fatores que levaram ao estabelecimento de um governo em guerra contra a população.

 

Governo do imperialismo ou “loucura coletiva”?

 

O governo Bolsonaro não é resultado de uma “loucura coletiva”, nem de uma ação de setores específicos, mas sim de uma ofensiva consciente de toda a burguesia de conjunto – ofensiva esta que se dá em todo o mundo. O governo Bolsonaro é a continuidade do governo Temer: é forma que os maiores inimigos do povo encontraram de criar condições para destruir os direitos dos trabalhadores e assaltar todo o patrimônio nacional.

O projeto de submissão e expropriação de toda a América Latina por parte dos capitalistas já está claro há anos. A campanha de Aécio Neves, as declarações dos empresários durante a campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff e os ataques da extrema-direita aos programas sociais do PT são exemplos claros de que o imperialismo pretende devastar o Brasil para tentar evitar que os capitalistas vão à falência. No entanto, para Freixo, o governo Bolsonaro seria o resultado de uma “ausência de projeto”.

Dizer que o governo Bolsonaro é o resultado de uma “ausência de projeto” é subestimar de maneira inconsequente a ação do imperialismo. É, na verdade, uma forma de dizer que Bolsonaro é uma espécie de aventureiro político, não um presidente apoiado nos setores mais poderosos da classe dominante – a classe que está dirigindo o regime para um ditadura explícita, conforme foi novamente demonstrado no impedimento de Lula comparecer ao enterro do irmão.

A solução que Marcelo Freixo aponta diante das ameaças do governo Bolsonaro é “disputar projeto com o não projeto”. Isto é, tudo o que a esquerda deveria fazer diante da ofensiva da direita seria apresentar um “projeto de sociedade”, que seria “democraticamente feito e pedagogicamente feito”.

Marcelo Freixo, desse modo, não aponta o caminho da mobilização para impedir que o “bolsonarismo” se manifeste, mas sim uma saída parlamentar, que consistiria em “convencer” as pessoas a aderir um projeto supostamente superior. Trata-se, obviamente, de uma capitulação ao bolsonarismo. Afinal, o imperialismo está disposto a qualquer coisa para sugar todas as riquezas do Brasil, e a única forma de impedir que isso aconteça é através da ação coletiva dos trabalhadores, do enfrentamento direto com seus algozes.

A questão central da luta contra o governo Bolsonaro não é “convencer” as pessoas de um “projeto”, mas sim de mobilizar os trabalhadores para pôr abaixo, por meio da força, o regime político. Contudo, Freixo não só dispensa a mobilização popular, como também defende que não se pode “andar sozinho” – ou seja, que a construção do “projeto” deveria se dar com setores da burguesia que apresentem, mesmo que de maneira momentânea, contradições com o governo Bolsonaro. Em sua própria página do Facebook, Marcelo Freixo deixa claro que não tem um compromisso direto com a luta dos povos contra o imperialismo: “a democracia é um compromisso de todos e está acima da direita e da esquerda”.

Campanha eleitoral e delírio: “PSOL, o principal inimigo”

 

Apesar de Freixo apresentar uma política completamente suicida para a esquerda – na medida em que substitui a mobilização popular por uma demagogia parlamentar -, o deputado chega a afirmar que Bolsonaro teria escolhido o PSOL como “o principal inimigo”. Obviamente, isso não faz o menor sentido, uma vez que o maior inimigo de Bolsonaro é aquele que verdadeiramente ameace o regime político.

O PSOL, por se apresentar enquanto partido de esquerda, é, em alguns momentos, visto como inimigo pelo regime político. Entretanto, a perseguição dos golpistas ao ex-presidente Lula, por exemplo, é incomparavelmente maior do que a de todos os filiados do PSOL. Lula foi condenado sem provas, preso sem ser inteiramente julgado, impedido de participar das eleições, impedido de aparecer nas peças publicitárias do candidato de seu partido, proibido de receber visitas, entre outras arbitrariedades encerradas uma lista sem fim.

Embora Lula seja uma ameaça muito mais evidente ao regime político, Marcelo Freixo havia declarado, há algumas semanas, que a frente parlamentar de oposição ao governo Bolsonaro deveria descartar a palavra de ordem de “Lula livre”, pois isso não “unificaria” os setores interessados em combater o bolsonarismo. Apontar o PSOL como “principal inimigo” é, portanto, apenas uma maneira de Freixo chamar o protagonismo para si, visando tomar de assalto o papel de “líder” de alguma frente parlamentar artificial.

Diante dessa política capituladora e abutre do PSOL, é preciso fortalecer a frente de luta pela liberdade de Lula e pela derrubada imediata do governo Bolsonaro. Uma frente que mobilize todos os setores explorados e que seja capaz de levar a luta contra o golpe até as últimas consequências.

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