Em entrevista à Folha, o deputado Marcelo Freixo (PSOL) mostrou novamente sua disposição para agradar o regime burguês. Questionado sobre a reeleição de Nicolás Maduro, saiu com os tradicionais clichês de uma esquerda bem-pensante: “mais do que falar sobre a Venezuela, a esquerda brasileira precisa se livrar da escravidão”. Mas o pior mesmo foi acusar o presidente venezuelano de atirar na própria população. Neste ponto, Freixo serve como papagaio para as calúnias da Rede Globo, e deixa dúvidas se está apenas “em cima do muro” ou é direitista disfarçado de esquerda.
O governo de Nicolás Maduro representa, hoje, o principal foco da resistência antiimperialista na América Latina. Esta luta definirá não apenas o controle da imensa jazida petrolífera venezuelana mas a soberania dos países sulamericanos em geral. É um dos focos centrais da luta de classes no mundo capitalista contemporâneo. Como de costume, é o tipo de luta em que parlamentares pequeno-burgueses de carreira preferem não se envolver.
Caso apoie a resisência venezuelana, Freixo perde a migalha de espaço midiático que recebe da imprensa burguesa, e vira mais um alvo das famosas “denúncias de corrupção”. Caso fale abertamente contra Maduro, perde apoio de parte do eleitores da esquerda. Por isso Freixo usa frases de efeito. Para parecer de esquerda no discurso enquanto se alinha à direita (e deixando o povo venezuelano à própria sorte).
Na verdade, este direcionamento não deveria impressionar. Freixo tem sustentando suas candidaturas sob a pauta da segurança pública, que para ele é “tão importante quanto saúde e educação”. Não é à toa que a maior concentração de eleitores de Freixo está na Zona Sul carioca, ou seja, as faixas de renda mais ricas do eleitorado. As camadas populares das zonas Norte e Oeste sabem muito que “segurança pública” significa fortalecer uma polícia já extremamente violenta, racista e misógina.
A postura de Freixo não é única entre direções de esquerda. Adestradas aos jornais burgueses, preferem fazer a famosa “autocrítica” ao invés de denunciar o golpe de estado em curso. Preferem criticar governos derrubados como os da Síria, Ucrânia ou Venezuela do que a agressão imperialista. Falam em “não soltar a mão de ninguém” mas foram rápidas para abandonar Dilma e Lula. Freixo sequer mencionou sua correligionária Marielle Franco, cujo assassinato deveria ser denunciado por ele diariamente. Infelizmente, posturas alinhadas ao golpe são reincidentes entre outras lideranças psolistas como Chico Alencar, Guilherme Boulos, Jean Wyllys e Luciana Genro.
Isso não torna estes políticos menos descartáveis para o regime burguês. O risco é afastar cada vez mais o PSOL das bases populares e tornar o partido um “puxadinho” da direita, liderado por pelegos. Mas o que é pior, essa postura capituladora desorienta as bases dispostas à luta revolucionária.