Na noite desta terça (10), a presidenta do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, alertou aos líderes da União Europeia que o continente sofre o risco de uma crise como a de 2008.
Segundo Lagarde, para a Bloomberg, caso não forem adotadas medidas coordenadas, a Europa “verá um cenário que lembrará muito a grande crise financeira de 2008.”
Essa revelação, vinda de uma representante de primeiro plano da burguesia imperialista europeia mostra, ou seja, a burguesia admitir que a crise é tão grave é porque a situação é de pânico. Em geral a burguesia tenta esconder a gravidade das crises.
A crise atual chegou num ponto que não pode mais ser escondida pela burguesia. Nesta semana, a tendência de crise, pouco lucro, pouco crescimento, empobrecimento massivo da população mundial, a briga entre Rússia e Arábia Saudita (que provocou quedas recorde de bolsas de valores pelo mundo todo, incluindo a Bovespa no Brasil) e o coronavírus, fizeram com que a burguesia adote uma outra tática para abordar o problema.
Através da imprensa burguesia no mundo todo, a burguesia reconhece a crise, mas procura atribuí-la ao coronavírus, omitindo o aspecto estrutural. O coronavírus, por sua vez, que já atingiu cerca de 119.000 pessoas (das quais 4.000 falaeceram) é um agravante crítico da crise, uma vez que afeta economias já muito debilitadas.
Das principais economias do mundo – EUA, China, Japão, Alemanha, Índia, França, Inglaterra, Itália, Brasil e Canadá – apenas os dois últimos foram menos afetados, segundo dados oficiais. A Itália vive um momento crítico, com o governo tendo proibido a maior parte das atividades econômicas, políticas e sociais, acentuando todos os problemas já colocadas antes. Nos EUA, que está em período eleitoral, apesar de alguns estados já terem decretado situação de emergência, a imprensa capitalista omite totalmente o impacto da epidemia no coração da economia capitalista mundial.
Apesar de todo o esforço da burguesia, a soma desses fatores é explosiva para a economia capitalista mundial e escancara a profunda debilidade do próprio regime capitalista, que dispõe apenas de ferramentas artificiais para combater crises que só se aprofundam, aumentando a artificialidade da economia e aumentando o estrago da próxima crise, que neste caso, segundo a própria burguesia, pode ser uma nova crise como de 2008.