Pesquisa realizada pela empresa Ticket, divulgada pelo Valor Econômico desta semana, confirmou o que todo mundo já sabia: as mulheres têm problemas para trabalhar em casa por terem de dividir o seu tempo entre o trabalho e o cuidado com os filhos. Quer dizer, o cuidado das crianças com as escolas fechadas é feito quase exclusivamente pelas mulheres.
A falta de creches que possibilitem o cuidado coletivo das crianças é o problema que justifica as reclamações levantadas pelas mulheres na pesquisa. 20,5% das mulheres disseram ter problemas com a produção de todas as refeições nos horários corretos. 17% dizem ter que se dividir entre o trabalho e o auxílio aos filhos nas atividades escolares. Cerca de 15% delas dizem que os filhos não compreendem que a mãe está trabalhando de casa.
Esses, entre outros problemas, foram intensificados pela política do “fique em casa”. Nessa situação, as mães que saíam para trabalhar deixando os seus filhos na escola, agora não tem alternativa que não seja o cuidado individual das crianças. Esse fato indica a ausência de uma política de creches no Brasil. Isso significa que o governo não tem nenhum plano social que vise à diminuição da opressão da mulher, cuja função dupla de sustentar os filhos e dar-lhes cuidado, representa uma grande pressão sobre todo o setor feminino.
Nesse sentido, é importante destacar que 11% das mulheres entrevistadas disseram que já tinham sido notificadas pelo gestor sobre a queda da sua produtividade no trabalho. Isso explica a lógica capitalista para o menor salário das mulheres em relação aos homens que ocupam os mesmos cargos: as mulheres são prejudicadas no trabalho por serem responsáveis pela gestão e criação dos filhos.
Essa situação de exploração deve ser combatida através da luta das mulheres pelas reivindicações que incluam não só uma política de creches nos três períodos, mas também a construção de refeitórios coletivos para a libertação do trabalho de cozinhar todas as refeições.