Em matéria da revista Veja, de abril deste mês, informa que as previsões do mercado financeiro são mais pessimistas que as do governo, de acordo com o Boletim Focus divulgado em 18/05.
O Boletim reviu novamente as previsões e agora apostam em queda do PIB de 5,12%, quando a previsão anterior era de queda de 4,11%. Já o banco BTG Pactual prevê queda de 7%. Enquanto isso, na semana passada a previsão do governo era de queda de 4,7%, apostando que em final de maio o isolamento no país esteja se encerrando. E ainda que no segundo semestre a economia apresenta recuperação.
A deterioração da economia leva em consideração que a pandemia tem piorado, ultrapassando 241 milhões de casos com 16 mil mortes no país. Já para a inflação, as projeções indicam redução, com o IPCA saindo dos 1,76% para 1,59% no ano. Devido à falta de consumo os preços tendem a não acelerar, indicando um caráter deflacionário.
Revisaram também a taxa SELIC, taxa básica de juros, de 2,50 % para 2,25%. A taxa hoje está em 3%. A previsão do dólar subiu para 5,28 por real no final do ano. Essas expectativas são confirmadas também por matéria do UOL em São Paulo, de 18/06..
Analisando as expectativas apontadas tanto pelo mercado financeiro como pelo governo, parecem raio em céu azul. Parecem não levar em conta que não existe medicamentos ou vacinas que imunizam a população.
O isolamento adotado é muito parcial e portanto colocam uma quantidade gigantesca de trabalhadores em circulação nos meios de transporte superlotados, aumentando o número de casos de infecção e morte. Só quem está podendo fazer isolamento são a classe média e a classe alta. O resto da população, o povo, encontra-se à sua própria sorte.
Enquanto não for encontrado tratamento eficaz para acabar com o vírus, teremos que conviver com ele e com a crise econômica. E não há expectativa de que esse tratamento esteja prestes a aparecer.
Se as consequências da pandemia pioraram a crise que já era enorme, a falta de tratamento indica que deverá durar ainda muito tempo para acabar. Enquanto países desenvolvidos e mesmo organismos internacionais como FMI e OIT que tratam das economias trabalham com previsões de queda do PIB mundial na faixa de dois dígitos, e o desemprego atingindo os mesmos níveis de 1929, por aqui fazem previsões extremamente otimistas.
Com tamanha paralisação na atividade econômica, afetada também pela crise da saúde, com altos níveis de desemprego, falências, falta de matérias primas, o comércio e transportes logísticos deteriorados, só podemos esperar pelo pior. Não dá para vislumbrar uma volta à normalidade num futuro próximo.
Sequer temos condição de saber quantos ainda morrerão de coronavírus, da fome e miséria que estão colocados agora. Na verdade tentam, com essas previsões, amenizar o tamanho do caos social que já começamos a viver e que tende a piorar.
Também não levam em conta que o setor que produz riqueza é o setor industrial, que está sendo muito afetado. O parque industrial em todo o mundo será arruinado fechando inúmeras fábricas, como em 1929. E depois de chegar ao fundo do poço, qual será o tamanho da destruição?
O comércio mundial também já está bastante prejudicado, e o que sobrará dele? Do setor extrativista? De serviços?
Depois de quantas décadas começará a reconstrução do mundo, das economias? E quanto tempo levará para que se conclua a reconstrução até chegar ao nível compatível com o número de habitantes sobreviventes?
O que vemos hoje é que os países estão destinando trilhões aos bancos e grandes empresas, e muito pouco ao povo. Até quando poderão esses estados, incluindo o nosso, continuarem a bancar o salvamento das empresas, sendo que há tempos os estados estão com o nível de endividamento muito elevado? O estado não é um saco sem fundo, em algum momento os recursos acabam.
Se desde 2008 com o início da crise, não foi encontrada solução para o capitalismo, poderemos esperar que isso ocorra neste momento? Não dá pra esperar uma solução por parte do estado burguês não, é chegada a hora do povo se unir nas empresas, nos bairros e criar conselhos dirigidos e controlados por ele, criando as condições para assumirem o controle do estado, e fazer as tarefas que a burguesia em estado de paralisia, não pode mais realizar.
É chegada a hora do povo criar um estado que acabe com a exploração e coloque a sociedade como centro da atividade humana. Só um estado dirigido e controlado pelo povo tem condições de garantir a sobrevivência da espécie humana e com qualidade de vida, aumentando o grau de progresso técnico e científico. Pondo fim à miséria, à fome, às doenças.