No sábado, 11 de janeiro, cerca de 35 pessoas fizeram fila em frente a Escola de Ensino Médio Johnson, no Bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza – CE, para matricularem seus filhos na instituição.
A questão é que o período de matrículas começou na segunda-feira, dia 13, ou seja, as pessoas iriam ficar o fim de semana inteiro acampadas ali, algumas, inclusive, com crianças.
As pessoas que estavam no local foram avisadas de que não era necessário formar fila, uma vez que todos conseguiriam uma vaga, mas, um tempo depois, funcionários da escola afirmaram que seria realizado um sorteio de vagas:
“Eu não estou em condições financeiras de manter meu filho em uma escola que fique em outro bairro. A diretora disse que tinha vaga para todos e agora volta atrás dizendo que terá que distribuir uma senha para um sorteio que pode garantir a vaga”, relatou uma das mães.
Após saber do ocorrido, a Secretaria de Educação do Ceará (Seduc) lançou uma nota:
“Neste domingo (12), após ter sido verificada a presença de pais, a gestão da escola esclareceu que não há necessidade de formação de fila. A fim de organizar o processo e evitar a continuidade de filas, foram disponibilizadas senhas para tranquilizar os pais e garantir que eles sejam atendidos na segunda-feira […] Cada escola tem o limite de oferta para atender à demanda e está orientada a encaminhar os pais e/ou responsáveis à unidade de ensino mais próxima para receber os estudantes quando o atendimento à demanda for preenchido”.
O acontecimento demonstra uma situação precária na educação. Os responsáveis por esses jovens precisam ficar o final de semana inteiro numa fila para conseguir uma vaga escolar no próprio bairro porque não tem condições de mandar os filhos para outro, ou até porque não conseguiram arranjar uma vaga no seu bairro e, por isso, precisam recorrer a outras escolas próximas, as quais também podem estar cheias.
Sabemos que a estrutura da maioria das escolas públicas é precária e comporta muito mais do que é feita para comportar, chegando a colocar até 40 jovens numa única turma de ensino básico, o que prejudica a aprendizagem e a qualidade do ensino. A falta de escolas prejudica não só os trabalhadores, que não tem com quem deixar os filhos enquanto trabalham, mas também os jovens, que não conseguem ter uma educação formal básica mesmo esse sendo um direito que deveria ser garantido pela constituição.
Essa situação é resultado da política neoliberal, que sufoca qualquer tipo de política pública em detrimento do povo. A escola em questão foi inaugurada no final de 2019 e está nessa situação, sinal de que a cidade tem uma carência de ambientes escolares públicos.
Os estudantes precisam se mobilizar contra qualquer tipo de ataque ao patrimônio público, especialmente sabendo que esse parte do próprio governo, sobretudo federal, mas também do estados e das prefeituras. É preciso lutar contra os governos neoliberais e exigir sua saída, porque só assim haverá a oportunidade de construir, em um conjunto com os outros setores oprimidos da sociedade, uma Educação pública e de qualidade.