Candidato a presidência do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, do DEM de Minas Gerais, promete que não irá confrontar o presidente golpista e ilegítimo Jair Bolsonaro (sem partido) em tramitações na Casa. Não por acaso tem o apoio direto e declarado de Bolsonaro a sua candidatura entre os senadores postulantes.
A eleição para a nova direção de ambas as Casas está marcada para essa próxima segunda-feira, 1 de fevereiro. Ambos os candidatos apoiados por Bolsonaro prometeram barrar CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) contra Bolsonaro e sua família. Na Câmara dos Deputados, o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), que tem o apoio do Planalto, já informou que não irá dar seguimento a CPI das Fakes News que, em tese, investigaria o “gabinete do ódio” e os filhos de Bolsonaro.
Já Rodrigo Pacheco, no Senado, também já deu claras demonstrações de que não dará continuidade aos processos que possam atingir os golpistas que tomaram conta do Planalto. Em entrevista ao Uol, por exemplo, o senador afirmou que Jair Bolsonaro não cometeu qualquer crime de responsabilidade que justifique a abertura de um processo de impeachment no Congresso Nacional.
Como se não bastasse as centenas de milhares de brasileiros mortos pela pandemia, o colapso do sistema de saúde, o aprofundamento da miséria, o recorde no número de desempregados no país, isto é, o imenso aprofundamento da crise social e econômica no País, como motivos para a derrubada do governo.
Apesar da esquerda tem fechado apoio ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP), o que em si só é já é uma aberração, há ainda parlamentares petistas que defendessem o apoio a Arthur Lira, candidato com apoio declarado de Bolsonaro.
Toda essa situação destruiu a tese de que apoiar Pacheco a presidência do Senado pelos parlamentares dos partidos da esquerda nacional seria uma luta contra o controle do bolsonarismo no Congresso Nacional.
Apesar da tese sem sentido, parlamentares do PT e demais partidos, não vêem problema em apoiar o candidato do partido herdeiro da ditadura militar no Brasil. O senador Humberto Costa (PT-PE), que é líder da bancada petista na Casa, afirmou em entrevista ao Congresso em Foco que as declarações de Pacheco em defesa de Bolsonaro não passam de “retórica de candidato” e que tem convicção de que caso um processo de impeachment seja aberto na Câmara, Pacheco dará continuidade no Senado.
A decisão da esquerda de apoiar a direita no Congresso Nacional demonstra que a luta contra o bolsonarismo ali é uma farsa. Ocorre, na realidade, uma luta desenfreada por cargos. O interesse, muito mesquinho, é em algum cargo ou benefício para os parlamentares nos cargos que estarão em jogo nesta eleição.
A direita e a extrema direita, apesar de possuirem suas contradições, se unem através do interesse em comum. Na verdade, o “pai”, ou criador, da extrema-direita é a própria direita, apesar do falatório de que a direita nacional seria civilizada, que defendesse a democracia, etc etc.
Em 2016, por exemplo, marcharam juntas pela derrubada do governo de Dilma Rousseff (PT) e contra toda a esquerda brasileira. Tanto a direita dita civilizada, democrática, quanto a extrema-direita defensora da intervenção militar e da tortura.
O vice-presidente golpista Hamilton Mourão (PRTB) afirmou que apesar da disputa entre Baleia Rossi e Arthur Lira na Câmara dos Deputados não vê diferenças entre ambos os candidatos. Acrescentou ainda que acredita que os dois defendem o mesmo campo político, por exemplo, Lira votou com o governo em 88% das ocasiões e Rossi votou com o governo em 90% das ocasiões.
Acontece, na realidade, que ambos os candidatos apoiam o governo golpista de Jair Bolsonaro.
Apoiar a direita nesse momento se trata de “virar a pagina do golpe”, com bem disse o mesmo senador Humberto Costa (PT-PE), que hoje defende o apoio ao candidato da extrema-direita no Senado Federal. O candidato do mesmo setor político que derrubou o governo petista, o governo de seu próprio partido. É um tapa na cara de todos aqueles militantes e ativistas, todo o povo brasileiro, que sairam às ruas contra o golpe de Estado.
A situação é aberrante e prova que a luta pela democracia no Congresso Nacional é fraude completa.