No último domingo, aconteceu a 91ª cerimônia de premiação do Oscar – a mais famosa premiação do cinema mundial. Como de costume, no entanto, os interesses por trás do Oscar não eram propriamente os de gratificar as melhores produções dos últimos meses, mas sim favorecer os filmes mais rentáveis e garantir que nada politicamente inconveniente acontecesse.
O principal prêmio da cerimônia – isto é, o prêmio de melhor filme – foi dado ao longa “Green Book – O Guia”, dirigido pelo cineasta norte-americano Peter Farrely. Contrariando as expectativas de que o filme da Netflix “Roma”ganhasse. O filme vencedor também desbancou a obra “Infiltrado no Klan”, dirigido por Spike Lee.
Green Book conta a história do pianista de jazz clássico Don Shirley (interpretado por Mahershala Ali) e pelo seu chofer, Tony Vallelonga (interpretado por Viggo Mortensen). Durante o filme, Tony Vallelonga, que é branco e racista, atua como motorista de Don Shirley, que é negro, pianista erudito e rico, durante uma turnê pelo Sul dos Estados Unidos durante o ano de 1962, em plena tensão racial no país . As diferenças sociais aos poucos vão se amenizando e surge uma amizade entre os dois homens tão diferentes. O filme que não tem nenhum apelo estético e nem mesmo de desenvolvimento da história inovador e tem um papel de contraponto perfeito para aliviar politicamente as tensões entre outros concorrentes, principalmente “Infiltrado na Klan”. “Green Book” tem uma posição totalmente conciliadora entre a questão do negro que não insiste em revidar contra o racismo dos negros, mas dialogar.
Já “Infiltrado no Klan” apresenta a luta do povo negro de uma maneira muito diferente, e muito mais próxima da realidade. A obra, que conta a história de um policial negro que decide se infiltrar na organização nazista Ku Klux Klan, mostra a relação entre brancos e negros como intrinsecamente conflituosa. No filme, são exibidas inúmeras cenas que expõem a existência de um movimento organizado para atacar os negros norte-americanos e a necessidade de os negros se organizarem, para se defenderem.
Assim como em anos anteriores o Oscar, que é o prêmio controlado pela indústria de cinema dos EUA utilizou do prêmio para fins políticos bem definidos.