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Quem venceu?

Os R$ 600 para os informais, nem de longe, são alguma vitória popular

Governo e congresso acertam doar R$ 1,2 trilhão para os banqueiros e menos de R$ 20 bilhões para até 100 milhões de miseráveis. E a esquerda comemora e auxilia Bolsonaro e todos go

Em notas, matérias e postagens na internet, os partidos da esquerda com assento no Congresso e seus parlamentares comemoram, entusiasticamente, a aprovação, na última quinta-feira, na Câmara dos Deputados, projeto de lei – aprovado por unanimidade -, ou sejam com os votos da maioria reacionária, direitista e golpista que controla aquela Casa e que já tem o apoio público do próprio presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro.

O que a esquema comemora?

O projeto comemorado pela esquerda, que vai à votação no Senado na próxima semana cria um auxílio mensal de R$ 600 a trabalhadores informais, por três meses em razão da pandemia do coronavírus, o qual poderá ser pago também a mulheres que forem mães e chefes de família, as quais poderiam receber R$ 1,2 mil. Esse valor, seria também o valor máximo a ser pago a uma única família (com dois ou mais trabalhadores informais, sem renda diante da crise) e que não tenha renda familiar mensal de até três salários mínimos (R$ 3.135).

Nada mais natural que a direita faça alarde e festa para ludibriar o povo, no momento em que estão aprovando “pacotes” e mais “pacotes” de medidas que significam rios de dinheiro para beneficiar os grandes capitalistas, como o dedicado ao sistema financeiros que e “deve liberar R$ 1,2 trilhão aos bancos” (total é quase 10 vezes maior do que o movimentado na crise de 2008).

Agora que a esquerda comemore um pacote que pretende destinar, no máximo, R$ 45 bilhões para até 100 milhões de pessoas (conforme dados falsos alardeados pela própria esquerda), cerca de 1/24 (menos de 4%) do montante destinados a meia dúzia de banqueiros para mais de 25 milhões de famílias, evidencia o caráter reacionário e/ou a confusão política em que essa esquerda está metida.

Embora, agora, surjam muitos “pais” da proposta que todos os partidos com assento na Câmara, da esquerda e da direita, apresentam como uma “vitória”, o projeto aprovado teve como base proposta enviada ao Congresso Nacional pelo governo Bolsonaro (que previa R$ 200 de auxílio, o qual já deu mostras de que não está disposto a fazer nada para evitar o genocídio que se avizinha de milhares ou centenas de milhares de brasileiros diante do coronavírus, como estimou a própria ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), em “relatório secreto”, vazado nessa semana pelo site The Intercept, no qual se estimo que até o dia 6 de abril próximo o País poderá ter mais de 8,5 mil mortos, se continuar mantendo a curva de contágio e óbitos em níveis similares ao da primeira etapa da pandemia em países como a China, Itália e Irã.

A esquerda comemora também um projeto que não tem sequer data para entrar em execução (sem das fixada), depois da previsível aprovação pelo Senado Federal e sanção presidencial. E oculta, da mesma forma que a direita, o que setores da própria imprensa imperialista consideram como “um detalhe não menos importante: a renda emergencial aprovada na Câmara foi desenhada em cima do projeto envolvendo a concessão do BPC, auxílio de um salário mínimo (1.045 reais) direcionado para os idosos de baixa renda. O Governo havia vetado a decisão do Congresso de conceder o benefício para aqueles com renda familiar de até meio salário mínimo (522,50 reais) já a partir deste ano ―o teto era antes de 1/4 de salário mínimo (261,25 reais). O Congresso derrubou o veto no início deste mês em retaliação a Bolsonaro e o impasse continuou. Nesta quinta-feira, os deputados finalmente decidiram que as mudanças no BPC valerão só a partir de 1º de janeiro de 2021″. Isto significa que a Câmara, com o aval da esquerda, trocou um benefício a ser concedido a milhões de idosos (de R$ 1.045), que segundo o Ministério da Economia iria custar “algo em torno de 20 bilhões por ano para a realização dos pagamentos aos beneficiados pelo programa“, por outro benefício, cuja distribuição ficará totalmente ã cargo do governo e sujeito a sua manipulação (mostraremos abaixo que o governo fará outras deduções, que farão com que a “vitória” da esquerda não tem praticamente alcance nenhum).

A posição dos partidos de esquerda por eles mesmos

Para que não paire, entre nossos leitores, dúvidas sobre a posição da esquerda, vamos reproduzir alguns trechos de suas considerações sobre a proposta aprovada.

Em Nota Oficial, intitulada “Renda de R$ 1.200 é vitória do povo sobre Bolsonaro“, o Partido dos Trabalhadores, anuncia que o projeto “apresentado pelo conjunto dos partidos de oposição, a partir de uma proposta do PT…. rompeu a visão mesquinha da equipe de Paulo Guedes” e afirma que o mesmo “é a primeira vitória do povo brasileiro sobre o governo cruel de Jair Bolsonaro na guerra contra o coronavírus“.

Segundo a Nota do PT, “esta medida de justiça será fundamental para permitir que cerca de 100 milhões de pessoas tenham condições mínimas de sobreviver durante o período de isolamento social, absolutamente necessário para reduzir o contágio e combater a pandemia de maneira mais eficaz”.

O PT, da mesma forma que os demais partidos de esquerda, formalmente defensores do “salário mínimo do DIESSE” os dados acima e outros mais, deixa de lado o fato de que o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos estabelece que o salário mínimo necessário para um trabalhador deveria ser de R$ 4.366,51, em fevereiro passado, e apoia idéia, por exemplo, de que uma família com 5, 6 ou x pessoas com renda a partir de R$ 3.135 (segundo o projeto aprovado) não precisa de ajuda alguma diante da crise. O que vai excluir alguns milhões da possibilidade de receber o tal auxílio.

Embelezando a manobra das máfias da Câmara, comandada pelo “centrão”, de Rodrigo Maia, com apoio e voto até dos bolsonaristas, o PT afirma que “mais uma vez ficou demonstrando que é com mais democracia, e não com mais autoritarismo, que se constroem as soluções para o país

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) não fez por menos e não perdeu a oportunidade de se auto elogiar. Em seu sítio eletrônico estampou: “Renda Básica emergencial é aprovada na Câmara após luta do PSOL“. E apresentou sua versão de que “a proposta aprovada…. é derivada, entre outras propostas da oposição, de uma proposta que o PSOL apresentou na última semana e foi uma importante derrota do governo Bolsonaro”.

Ao apresentar suas explicações do projeto o PSOL esclarece que “a diferença central é que enquanto o projeto unificado da oposição garantia um auxílio financeiro entre R$ 1000 e R$ 2000, a depender do tamanho da família, o texto aprovado e que deve ser implementado estabelece a renda básica entre R$ 600 e R$ 1200”.

Na versão fantasiosa da esquerda burguesa e pequeno burguesa, a crise do coronavírus, teria criado um mundo irreal no qual há medidas que são boas tanto para a burguesia golpista, sanguessuga e que quer que os trabalhadores paguem pela crise, quanto para os trabalhadores atingidos pelo golpe e sacrificados por todas as medidas adotadas pelos governos e pelo Congresso golpista.

Talvez seja por essa mágica que tradicionais partidos da direita pró-imperialista também comemorem a aprovação do projeto.

Para o DEM, a ajuda de até R$ 1.200 suficiente até para sustentar uma família de oito pessoas, por como “explica” seu líder, na Câmara, deputado Efraim Filho (PB), que participou da votação e apoiou a medida, “quando se fala em vulnerabilidade, estamos falando da realidade das famílias que têm oito pessoas em uma casa, às vezes, no mesmo cômodo. Estas precisam ser amparadas, pois estão sem nenhum tipo de renda”.

Outro parlamentar do partido, Juscelino Filho (MA), da mesma forma que petistas, psolistas e pcdebistas,  elogiou a iniciativa do Parlamento que estaria “atento aos mais necessitado” pois teria olhado “para quem mais precisa”. Os defensores dos lucros dos banqueiros, são insuperáveis na demagogia e no cinismo.

Ocultando o super benefício ofertado aos banqueiros, por certo a direita comemora a cumplicidade da esquerda com a farsa golpista do “auxílio aos mais pobres”, o PSDB também enaltece a votação e chama para si a autoria do projeto (mais um “pai”!), afirmando que a “medida foi incluída em substitutivo ao projeto de lei 9236/17, de autoria do deputado tucano Eduardo Barbosa (MG)”e acrescenta  em “tucanos” que “temos que tentar uma ação direta para aquela parcela da população que não tem condições e que poderá até empobrecer nesse período de pandemia”, disse Eduardo Barbosa. “A aprovação do projeto é uma resposta do Congresso, que identifica essa população como alvo de um apoio diferenciado do Estado”, completou.

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