O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de São Paulo (USP), atualmente sob o comando do PT e do PCdoB, acaba de convocar novas eleições para eleger a chapa que ficará responsável por sua gestão no próximo período. A forma como a convocação foi feita, contudo, chama bastante atenção: a disputa será dado por meio de uma “eleição relâmpago”, com prazos extremamente curtos para a inscrição de chapas e para a própria campanha política dos postulantes.
O pouco tempo entre a convocação e a própria realização da eleição do DCE da USP não é por acaso. Trata-se de um método muito antigo, porém frequentemente utilizado para manter o domínio de uma determinada organização – seja um sindicato, um diretório acadêmico, uma associação de moradores ou o próprio DCE. Afinal de contas, se a gestão coloca um prazo estrangulado para a disputa política, a eleição está sendo fraudada em favor daqueles que já administram a organização em questão.
Como seria possível que, em um prazo de pouco mais de uma semana, os estudantes que não estão ligados à gestão do DCE organizem uma chapa própria, registrem essa chapa devidamente e, o que é o mais importante, façam a campanha em defesa de seu programa para o diretório? Obviamente, não é possível, e é exatamente esse o interesse da gestão comandada pelo PT e pelo PCdoB: impedir que seus adversários tenham quaisquer condições de concorrer nas eleições.
Esses métodos, que têm como objetivo eliminar as chapas opositoras por meio de uma série de manobras burocráticas, revelam uma política da direita, e não uma política democrática, o que deveria ser esperado no movimento estudantil, já que dominam os partidos e organizações de esquerda. É a mesma política que a burguesia utilizou para impedir que o ex-presidente Lula participasse das eleições de 2018 e entregasse o poder ao fascista Jair Bolsonaro – os métodos fraudulentos que estão sendo utilizados nas eleições para o DCE da USP são, portanto, bolsonaristas.
O curtíssimo prazo entre a convocação das eleições e a realização dessas é apenas uma das muitas manobras que fazem parte da tradição golpista que vem sendo aplicada ao movimento estudantil em todo o país. Frequentemente, além de mal haver tempo para campanha e para a inscrição de chapas, são feitas exigências absurdas, como em relação à composição da chapa, e ocorrem impugnações por detalhes ridículos, como a inadequação de determinado documento comprobatório.
As iniciativas de tipo bolsonaristas não só dificultam que os estudantes se organizem para participar das eleições, mas também acabam por colocar todo o movimento estudantil em uma profunda desmoralização. Na medida em que não há campanha, nem qualquer tipo de discussão, o processo eleitoral não consegue atrair a maioria dos estudantes, afastando uma parcela significativa da juventude da luta política.