O governo Bolsonaro apresenta uma política de ataques contra os trabalhadores, fazendo uma constante campanha pela implementação de regime autoritário, com uma exaltação da ditadura militar implementada no Brasil, após o golpe de 1964. O governo tem características proto fascistas, ao mesmo tempo sua agenda social e econômica é neoliberal levada ao extremo, com o ministro da economia Paulo Guedes implementando uma política de liquidação total do que restou do patrimônio público. Essa conjunção entre fascismo e liberalismo é, portanto, marcante no governo Bolsonaro.
Neste momento, quando setores que deram o golpe procuram resgatar o centro político ou a direita “civilizada”, a relação entre fascismo e liberalismo é vista como inapropriada ou até mesmo impossível de ser feita. Apesar dos partidos tradicionais como MDB, PSDB e DEM serem o principal sustentáculo político para a manutenção de Bolsonaro na presidência, pelo menos na aparência a tônica é não ter uma vinculação direta com o que o governo faz, aparentando distância entre os “ democratas”, ainda que de direita, e a extrema direita bolsonarista.
Dessa forma, a imprensa e acadêmicos fazem intensa propaganda que o principal inimigo dos fascistas são os liberais, e que historicamente os governos fascistas eram interventores na economia e anti liberais por excelência.
Na realidade, o que pese o fato que a solução fascista não a mesma coisa do que o liberalismo “ democrático” , existe uma relação histórica que não pode ser apagada, sob a pena não se ter uma clara compreensão tanto do papel da dominação capitalista sob a forma de uma ditadura fascista quanto a forma democrática constitucional.
O fascismo é a expressão da crise de dominação capitalista, é um remédio amargo, digamos contrarevolucionário que os capitalistas e as classes dominantes adotam para preservar sua dominação política. A grande questão é que os partidos tradicionais do regime político “ democrático” encontra-se em frangalhos, e para fazer frente a essa situação uma forma política especial é adotada.
Uma questão relevante que explica a subida dos partidos fascistas na década de 1920 na Itália e em 1933 na Alemanha é o fato que os partidos “democráticos” abriram as portas do ascenso governamental para os partidos fascistas. Portanto, a ligação entre os fascistas e os liberais não era simplesmente pelo fato de serem contra as organizações dos trabalhadores, mas a ascensão fascista foi facilitada pela direita tradicional para combater o movimento operário e os partidos de esquerda, mesmo os partidos da esquerda moderada ou conciliadora.
Do ponto de vista governamental, os governos fascistas adotaram uma política militarista e de intervenção estatal, mas atuaram para preservar a dominação econômica das grandes empresas capitalistas, que se associaram ao estado governado pelos fascistas.