Na última semana, membros da frente ampla lançaram a campanha de que seria necessário combater a presença de “infiltrados”, atribuindo a eles a ação de enfrentamento com os fascistas nos atos das torcidas organizadas. Em oposição a isso, propuseram a política do pacifismo, citando a acusação de terrorismo proferida pela extrema-direita como um argumento que justificasse a necessidade de recuar a luta e torná-la palatável para a direita.
O exemplo máximo dessa política é o desserviço de Guilherme Boulos em mudar o ato da Avenida Paulista, em São Paulo, para o Largo da Batata, na zona oeste da cidade. O resultado é que a manifestação bolsonarista ocorreu normalmente no local tradicional de manifestação do povo. Com esse caso, fica patente que a política em questão é parte de mais uma manobra da burguesia para arrefecer a luta social em prol do crescimento da extrema-direita nas ruas.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que a ação violenta não é uma exclusividade de agentes infiltrados. Considerar isso é excluir o fundamental da luta de classes. O Estado capitalista é o primeiro a impor a violência como uma forma de subjugar o povo à opressão cotidiana da burguesia. Dessa forma, a revolta social é uma consequência necessária da profunda opressão sob a qual o povo está submetido.
A política pacifista, portanto, objetiva desarmar a população e entregar nas mãos do Estado capitalista a exclusividade da violência. Ou seja, faz a defesa de que os massacres nas favelas sejam respondidos com flores. Que a política genocida do Estado perante a crise econômica e social seja respondido com um apelo silencioso, anulado. Por outro lado, a ação policial para “combater o crime” e impor uma verdadeira ditadura são defendidos sem pudor.
Igualar a violência à infiltração, portanto, é uma campanha cujo objetivo consiste em desmoralizar o combate contra a extrema-direita. O pacifismo se opõe à política de enfrentamento com os fascistas. Quer dizer, é a contenção da expressão fundamental da revolta social. Essa campanha é travada pelos defensores da frente ampla, pois arrefecer a luta do povo reduz a crise do governo capitalista.
Nada mais normal que a campanha seja encabeçada por funcionários da burguesa, já que a um movimento de esquerda não cabe conter a revolta social, mas organizá-la. No lugar de ações violentas individuais, a luta no sentido da tomada do poder. Desse ponto de vista, portanto, a radicalização das lutas é um indício de um período de grandes enfrentamentos com a burguesia, baseado no aprofundamento das contradições sociais.