Durante uma videoconferência realizada pela Editora Globo em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas, em conversa com representantes da burguesia, afirmou que até o fim de 2022 a iniciativa privada investirá R$ 250 bilhões em setores como o aeroviário e o portuário, o que na expectativa do governo movimenta a economia e gerar empregos. No setor ferroviário, por exemplo, espera-se R$40 bilhões em investimentos dos capitalistas para a construção de estradas de ferro interligando áreas de produção e portos.
No palanque virtual, o ministro bolsonarista fez demagogia com a desigualdade social e a necessidade do Brasil se desenvolver para justificar o investimento de capitalistas nacionais e estrangeiros, sendo que a própria direita e a burguesia de conjunto estão aprofundando o fosso das desigualdades sociais no país, por meio da eliminação de vários direitos dos trabalhadores e demais grupos oprimidos (negros, mulheres, lgbts, índios…) e o fim de programas sociais, e acabando com toda maneira do Brasil se desenvolver, através da desindustrialização, dos cortes de verbas e privatização de setores de produção científica e tecnológica, mantendo o país como fornecedor de matéria-prima para as nações capitalistas avançadas.
O presidente da CNI, Robson Andrade, ressaltou a importância do Brasil ser capaz de atrair investimentos estrangeiros caso ofereça toda uma segurança jurídica para tal. Nas palavras de Andrade, “o Brasil tem grandes possibilidades de atrair investimento externo desde que quem está lá fora diga: “tenho segurança jurídica, tenho marco regulatório, tenho legislação adequada, tenho um sistema de licenciamento ambiental moderno, ágil, tenho um sistema tributário compreensível”. Em outras palavras, o investimento estrangeiro só virá com a retirada de uma série de leis que protegem os trabalhadores e a população no geral, as riquezas nacionais e o Estado para a adoção de uma legislação que atenda exclusivamente aos interesses dos capitalistas.
Segundo o especialista Cláudio Frischtak, o Brasil precisa investir em infraestrutura, educação e saúde para aumentar a produtividade e reduzir a desigualdade social, com o protagonismo pela iniciativa sendo da burguesia. Contraditoriamente, é a própria burguesia, sobretudo a mais ligada ao imperialismo, quem historicamente procura barrar toda tentativa do Brasil se desenvolver e reduzir as desigualdades sociais, como foi visto com o golpe militar de 1964, que visou acabar com a política nacional-desenvolvimentista dos governos varguistas, e o recente golpe de 2016, que está fazendo uma política de terra arrasada vendendo o Brasil pros capitalistas e acabando de vez com os direitos da classe trabalhadora. Toda iniciativa de desenvolver o país sempre partiu do Estado, com investimentos públicos. O setor privado pouco ou nada fez nesse sentido, mas sempre se mostrou um grande obstáculo para o mesmo. O atual momento da pandemia, por exemplo, demonstra isso. Quem está tendo que arcar com a responsabilidade de salvar a economia é o Estado, injetando uma grande dose de dinheiro, enquanto que nem um centavo se vê sair do bolso dos capitalistas, que por sua vez sempre pedem socorro pro Estado quando estoura a crise econômica.