O desenrolar da crise política tem provocado uma intensa disputa no interior das forças políticas que dão sustentação ao governo Bolsonaro. Acuado, o chefe do executivo que somente chegou ao poder através de uma espetacular fraude e não tem apoio popular efetivo, anunciou uma viagem ao Nordeste, buscando construir uma ” agenda positiva” e uma articulação para garantir uma mínima governabilidade, diante inclusive das mobilizações populares e das sucessivas derrotas do governo no Congresso Nacional. Não por acaso, o presidente Jair Bolsonaro decidiu realizar uma viagem de articulação na região Nordeste, exatamente na região com os Estados comandados pelos governadores da “oposição”.
Para os desavisados, a viagem pelo Nordeste, região que Bolsonaro foi derrotado nas últimas eleições presidenciais, pareceria uma ação desencontrada ou mesmo mais uma expressão da falta de propósito do bolsonarismo. Entretanto, a viagem do presidente à região, em que o presidente tem os piores índices de avaliações nas pesquisas de opinião – para 40% dos nordestinos, o governo é ruim ou péssimo, conforme o Ibope – é indicador de que é justamente a política de conciliação dos governadores nordestinos do centrão, como Renan Calheiros em Alagoas, e da “esquerda” (PCdoB, PT E PSB) um dos principais recursos para dar sustentabilidade para Bolsonaro.
Antes da viagem oficial, os governadores nordestinos já costuraram reuniões setoriais e acenos a uma “pauta institucional” com Bolsonaro. O roteiro da viagem de Bolsonaro conta com a entrega, em Petrolina (PE), de um conjunto habitacional do programa Minha Casa Minha Vida no dia 24 de maio. Ainda em Pernambuco, o governo federal anunciará um incremento do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, visando obras de infra estrutura.
Está prevista uma reunião com os nove governadores do Nordeste e mais os governadores de Minas Gerais e Espirito Santo no Instituto Ricardo Brennand, complexo cultural da capital pernambucana, em que será lançado o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), mera peça de propaganda de Bolsonaro, que de forma alguma representará uma alternativa para o desenvolvimento do Nordeste. Sendo que a política recessiva e os cortes no orçamento público dos recursos destinados as políticas sociais impactaram negativamente a região, que já é a mais pobre do país, aumentando drasticamente a miséria e a pobreza.
Neste sentido, a viagem de Bolsonaro é uma articulação com os governadores do centrão e da esquerda visando criar uma aparência de preocupação do governo federal com o Nordeste, isso quando cada vez mais a política econômica e os cortes nos programa sociais têm intensificado um profundo ataque contra a população nordestina.