Com a greve decretada no dia 1º, os petroleiros se aproximam dos 20 dias parados, com 21 mil funcionários em pelo menos 120 unidades da Petrobras. Segundo a FUP, estão paralisadas 58 plataformas, 11 refinarias, 24 terminais, 8 campos terrestres, 8 termelétricas, 3 unidades de tratamento de gás, uma usina de biocombustível, uma fábrica de fertilizantes, uma fábrica de lubrificantes, uma usina de processamento de xisto, duas unidades industriais e três bases administrativas.
Por outro lado, a empresa tenta de todas as formas contornar a paralisação contratando pessoal extra, tentando comprar a categoria com a antecipação da PPP – Prêmio por Performance de 2019, e iludindo a população dizendo mentiras do tipo: “as unidades estão operando nas condições adequadas, com reforço de equipes de contingência quando necessário, e não há impactos na produção até o momento”. Aliás, a mídia burguesa pouco informa sobre a greve dos petroleiros, numa tentativa de abafar a manifestação, que já é a maior desde 1995, quando a categoria parou 32 dias.
O sindicato lembra que a paralisação teve início com o fechamento de uma fábrica de fertilizantes no Paraná, com a demissão de 396 funcionários diretos e 600 terceirizados.
Mas a direção da Petrobrás não descansa. Ives Gandra Martins, ministro do TST – Tribunal Superior do Trabalho, e que, sistematicamente, vem decidindo de forma favorável à burguesia, decretou que a greve é ilegal porque teria “motivação política, e desrespeita ostensivamente a lei de greve e as ordens judiciais de atendimento às necessidades inadiáveis da população em seus percentuais mínimos de manutenção de trabalhadores em atividade”.
Na sua decisão, o ministro afirmou que a atividade petroleira demanda um “percentual mínimo de 90% de trabalhadores em atividade”, sob o argumento de que maquinário e operações podem ser “substancialmente afetados” por causa das “condições especiais da atividade de extração e refino de petróleo e gás natural”.
Ou seja, quer parar, tudo bem! É um direito constitucional da categoria. Mas só vai poder parar 10%, porque a Petrobrás precisa de 90% para ser operacional. Um absurdo total que evidencia a política de repressão a todo tipo de mobilização dos trabalhadores, a ditadura que vigora no País.
Para completar, a burguesia determinou que, sendo ilegal a greve, uma multa milionária teria que penalizar os sindicatos se continuassem com a greve. Resistindo bravamente, a categoria deliberou pela continuidade. Resumindo: os petroleiros estão sem salário, sem fundo de greve, e com as contas sequestradas pela justiça em função das pesadas multas.
Mas a população precisa entender que, muito mais do que defender seus salários, os petroleiros estão denunciando a liquidação de um valioso patrimônio do povo brasileiro, e que, sendo rifado como está sendo, e por qualquer preço, o custo de vida da população vai subir e ficar bem mais caro, na mesma medida que o combustível for encarecendo. Se empregado já está difícil, imaginem desempregado.
Vale frisar, inclusive, que esta é uma das principais demandas dos sindicatos, que afirmam que, ao demitir os empregados da Araucária Nitrogenados (Ansa), que deu causa à greve, além dos quase 1.000 funcionários próprios e terceirizados demitidos, o fechamento da empresa impacta outros 4.000 trabalhadores indiretos, como funcionários de fornecedores e distribuidoras . E se você imaginar que cada um desses é um pai ou mãe de família, então pode multiplicar por, no mínimo 4, considerando um filho(a) e mais um parente já desempregado vivendo junto do casal, para imaginar um impacto bem maior como resultado.
A categoria já começa a “passar o chapéu” pedindo a ajuda da população, que tem o dever de acolher esses trabalhadores que se colocaram no front da batalha, que, na verdade, é uma luta do povo brasileiro contra a política de rapina desse governo golpista. É essencial para o sucesso dessa empreitada dos petroleiros o acolhimento de todos em auxílio da mantença deles através de uma forte campanha com ajuda de dinheiro e alimentação para que possam sustentar o movimento contra a covarde ação da burguesia contra eles diretamente e nós todos indiretamente.
Também não é outra senão essa a atitude que se espera da CUT, como principal articuladora de uma Greve ainda maior, com todas as categoria se unindo com a mesma política em direção à vitória contra o neoliberalismo e o fascismo desse governo.
O espírito de solidariedade, e uma consciência mais aguda no sentido da soma de esforços para afirmar esta política que impulsiona os petroleiros, coloca pra nós a urgência de se levar a frente a palavra de ordem que representa o desprezo ao regime político e econômico vigente : FORA BOLSONARO!