Uma das propostas mais aclamadas na 2ª Conferência dos Comitês de Luta Contra o Golpe e o Fascismo, ocorrida em São Paulo no final de semana 14 e 15 de dezembro, foi a da realização de uma imediata campanha em torno da realização de uma plenária nacional pelo “Fora Bolsonaro”.
O “Fora Bolsonaro” foi o tema central de um jornal dos comitês de luta distribuído amplamente ainda antes do 2º turno das eleições de 2018. Naquele momento, acertadamente, os comitês apontavam que o candidato de extrema-direita era a via pela qual o golpe de 2016 procurava se legitimar e que para isso o conjunto das instituições golpistas havia garantido a fraude nas eleições, a começar pelo impedimento da participação do candidato do povo, Luís Inácio Lula da Silva, que estava à frente de todas as pesquisas, e era considerado pela própria burguesia como imbatível.
A palavra de ordem de “Fora Bolsonaro” era ainda acertada de um outro ponto de vista: era a palavra de ordem do povo e isso ficou patente durante o carnaval de 2019, a maior festa popular do Brasil. Mal o governo havia completado dois meses, de norte a sul, de leste a oeste, o grito do povo mandado “Bolsonaro tomar no c#” explodiu por todos os cantos do País.
Depois daí, como se diz no popular, o governo foi ladeira abaixo, com o “Fora Bolsonaro”, mesmo a contra gosto das direções do movimento, sendo o fator fundamental impulsionador das grandes mobilizações ocorridas nos meses de maio e junho por todo o País.
Por muito pouco Bolsonaro não foi derrubado. A fim de evitar que as mobilizações se intensificassem, o que fatalmente acarretaria no aprofudamento da crise do regime golpista e do próprio Bolsonaro, boa parte da esquerda saiu a campo para estrangular a mobilização popular crescente.
“O governo Bolsonaro é legítimo”, “defender o fora Bolsonaro é agir como os próprios golpistas agiram contra a Dilma”, “Bolsonaro tem apoio popular”, “o governo Bolsonaro é forte, temos que criar um movimento de resistência” entre tantas outras “pérolas”, foram os argumentos “esquerdistas” de sustentação do governo fascista de Bolsonaro, isso sim, em total desacordo com o sentimento das massas.
Enfim, chegamos ao final de 2019 com Bolsonaro no governo impondo a política do golpe a ferro e fogo contra os explorados. Embora momentaneamente o movimento tenha recuado, isso é produto da barreira de contenção criada pela própria esquerda a fim de impedir uma ação revolucionárias das massas, assim como está ocorrendo em diversos países da América Latina e do Caribe.
O que é fundamental que seja compreendido pelos setores que verdadeiramente lutam para derrotar o golpe é que, como ocorreu no Brasil, a palavra de ordem central em todos esses movimentos são justamente as que se colocam pela derrubada dos presidentes. Isso significa uma tendência ou mesmo a existência de uma rebelião popular de conjunto contra a política de fome e miséria do imperialismo para todo o subcontinente.
Justamente por ter consciência que as questões objetivas estão absolutamente favoráveis à luta pelo “Fora Bolsonaro” – crise econômica, desemprego, privatizações, liquidação da aposentadoria, sucateamento da saúde e da educação – é que os comitês já se preparam para empunhar a bandeira pelo “Fora Bolsonaro” por todo o País já desde o primeiro dia do ano. Será no bojo dessa campanha que se colocarão as condições para a realização de uma grande plenária nacional para intensificar mais ainda a campanha, associando o “Fora Bolsonaro” a outras reivindicações fundamentais para as amplas massas na atual etapa política.