Ontem (31), Curitiba foi marcada pela expulsão de manifestantes bolsonaristas, em concentração, de frente do Palácio Iguaçu, do edifício do governo do Estado, na capital paranaense.
Há poucos dias, o “Acampamento com Bolsonaro” havia anunciado carreata pelo centro da cidade “Contra à Ditadura do STF”, em repúdio ao Supremo Tribunal Federal, mais especificamente contra o Alexandre Moraes, relator do inquérito no STF que investiga ofensas de Weintraub, ministro da Educação à ministros da Corte:
“Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, afirmou Abraham Weintraub durante reunião interministerial do dia 22 de abril.
A carreata que começou às 11h da manhã do domingo, reverenciando uma estátua da Havan, réplica da Estátua da Liberdade – símbolo de capachismo norte-americano – da loja do setor varejista, teve concentração marcada para às 14h no Centro Cívico de Curitiba.
Pouquíssimas dezenas de bolsonaristas estavam em 3 carros de som, escoltados pela Polícia Militar em frente ao Palácio, preparando sua passeata pelo centro da cidade. Ao passo que se aproximava das 14 horas, dezenas de manifestantes de organizações de luta dos trabalhadores fecharam a avenida Cândido de Abreu e bloquearam a passagem dos carros.
Dentre as organizações do contra ato estavam as torcidas organizadas antifascistas do Athletico, Coxa e Paraná, junto com o Partido da Causa Operária, os Comitês de Luta, o Conselho Popular do Boqueirão e grupos estudantis.
Logo que se iniciou o bloqueio, a PM formou um cordão de proteção aos manifestantes bolsonaristas, ameaçando utilizar violência, e buscando negociar a passagem da carreata. As organizações populares não recuaram, pelo contrário, mantiveram suas palavras de ordem, faixas, bandeiras, pirulitos e cartazes e garantiram a permanência do bloqueio, expulsando um a um da concentração verde-amarela, até que a carreata fosse cancelada, tendo que mudar de trajeto.
A princípio, apoiadores de Bolsonaro que estavam com os carros expostos recuaram e se retiraram da concentração. Um outro, de bicicleta, tentou furar o bloqueio e acabou apanhando e sendo resgatado pela PM. Essa acirrada pressão levou à PM a mediar os dois grupos e a bater também no bolsonarista, por ter tumultuado ainda mais a situação.
Em meio ao bloqueio, os coxinhas em seus carros de som, ficaram reclamando da ditadura do STF – uma das principais instituições de manutenção do Estado burguês – e frente ao bloqueio imploraram “democracia” à PM, para que passassem pela esquerda. Ou seja, quando o povo se mobiliza, até os fascistas pedem por democracia! .
Não tardou muito para a concentração se esvaziar. A PM tentou negociação algumas vezes até proporem a retirada da passeata por trás, dando meia volta e recuando do trajeto. Não tiveram escolha. Os gritos, as faixas e fumaças negras do povo organizado expulsou a carreata e botou os fascistas no devido lugar, bateram em retirada de volta à quarentena da pandemia, a qual a classe trabalhadora não tem direito.
A experiência mostrou que o único caminho para baixar a cabeça do fascismo, pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas e a derrubada de todo esse regime, é o povo e suas organizações de luta ocuparem as ruas. Mostrou que a importância política move o povo, que leis como a de isolamento, artigos da Constituição, imposição da força pelo braço armado da burguesia não resolvem o impasse da crise do coronavírus, da crise econômica e política no país.
O povo e suas organizações têm clareza de que só a mobilização pode pôr fim às mortes, à fome, ao desemprego, à ameaça da ditadura e obviamente, ao golpe de Estado que escancara a necessidade da burguesia em colocar seus grupos fascistas nas ruas para conter a crise e abocanhar todas as conquistas dos trabalhadores.
O ato deste domingo em Curitiba mostrou que mesmo com apoio da polícia, a pressão política popular é questão decisiva a qualquer impasse. As reações nos demais estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, entre outros, apontam o mesmo: para pôr fim à ditadura, ao bolsonarismo, é preciso ocupar as ruas contra direita. A defesa desse espaço do povo, em Curitiba, como em todo o país, é uma preparação para o ato nacional pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, que será no próximo dia 13 de junho!