De acordo com um relatório divulgado pela organização Contas Abertas, o Ministério da Defesa liderou o ranking de investimentos do governo federal de 2019. Segundo a ONG, foram R$8,3 bilhões investidos, o que representa R$852 milhões a mais do que o valor destinado aos ministérios da Saúde e da Educação.
Além disso, a ONG ranqueou os montantes destinados aos ministérios no primeiro semestre deste ano. Mesmo em tempo de pandemia, a Saúde ficou em quarto lugar, com R$2,5 bilhões investidos. Ademais, a Educação permanece em quinto lugar no ranking, com um valor de R$1,8 bilhão.
O relatório divulgado pela organização demonstra bem o caráter que a administração golpista de Jair Bolsonaro possui. Todavia, isso não deve vir como uma surpresa para o ávido leitor do Diário Causa Operária. Afinal de contas, desde o começo de seu mandato – e até mesmo em seu tempo na câmara -, Bolsonaro já deixava claro que seu governo seria voltado para a burguesia e, acima disso, para a alta cúpula militar.
Nesse sentido, a exorbitante quantia destinada ao Ministério da Defesa vem com a intenção de balancear o apoio ao seu governo. De uma forma literal, procura comprar os militares, entregando-lhes o que é do povo para que continuem “fechados” com Bolsonaro. É a mesma situação vista com o centrão, na qual procura ceder cargos à esse setor para que o apoio destes ao governo se mantenha.
Precisamos ter em mente que para Bolsonaro, e para a burguesia como um todo, esse tipo de administração orçamentária representa um mero jogo político. Mexe alguns pauzinhos para que consiga sustentar seu governo em cima de todas suas contradições. Todavia, para a população, esse tipo de brincadeira se dá na forma de um massivo sucateamento sobre praticamente todos serviços públicos. Enquanto a burguesia se distrai, o povo fica à mercê de sua própria sorte, resultando, principalmente agora, na morte de centenas de milhares de trabalhadores.
Todavia, deve ficar claro que o efeito que isso tem sobre a população também é comedido. Afinal de contas, no momento em que a educação pública é destruída, a juventude trabalhadora é obrigada a adentrar ao mercado de trabalho de uma forma extremamente precária, trabalhando em um regime praticamente escravocrata que promove a alienação massiva da classe operária. Por conseguinte, o risco de que os trabalhadores irão se revoltar contra o atual regime político diminui de uma forma considerável, possibilitando, assim, a manutenção da burguesia no poder.
A atual situação é apenas mais uma prova concreta de que, enquanto o Estado for governado pela burguesia, servirá inteiramente à seus interesses. Daí que vem a necessidade da construção de um governo operário forte e centralizado. É somente a classe trabalhadora quem pode ditar e atingir suas reivindicações. Nesse sentido, a mobilização popular imediata é necessária como maneira para obrigar o governo a recuar com sua política neoliberal. Mas, acima disso, é imprescindível para que, no futuro, os trabalhadores tomem o poder e, finalmente, estabeleçam a única democracia possível: a dos próprios operários.