Após sacramentada a saída do Reino Unido da União Europeia, o conhecido BREXIT, às 23h do último dia 31/01, nem todos os povos estão satisfeitos com a decisão. Assim como os norte-irlandeses, os escoceses também se mostraram contrários à saída do bloco, situação já era conhecida desde 2014 quando o Brexit começou a ser discutido. Porém, com a decisão final, a insatisfação da população historicamente apoiadora de uma independência do Reino cresceu, tendo pela primeira vez como maioria a opinião dos dois movimentos, contrários à saída do bloco europeu e independentistas ao Reino Unido.
Pesquisa realizada entre os dias 28 e 31 de Janeiro, pela empresa Panelbase poll, mostrou que 52% dos escoceses eram à favor da independência, resultado diferente da consulta pública de 2014 que apontou maioria de 55% para os que defendia a permanência. Situação que indica a insatisfação dos escoceses com a saída da União Européia, que estão mantendo de pé a bandeira do bloco em frente ao parlamento escossês.
Em entrevista ao jornal El País no último dia 03/02, a primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, afirmou “A União Europeia, com todas suas imperfeições, foi uma força positiva. Ela nos trouxe benefícios econômicos e sociáveis tangíveis. E com um pouco de raiva, porque o Brexit ocorre contra a nossa vontade. Na Escócia não votamos a favor da saída da UE. E decidida a que, num futuro não muito distante, retornemos ao coração da Europa como país independente”.
Já em Dezembro/19 foi lançada a campanha “Scotland’s right to choose: putting Scotland’s future in Scotland’s hands” (O direito da Escócia de escolher: colocar o futuro da Escócia nas mãos da Escócia) um movimento de partidos políticos e do governo escocês que visa pressionar o governo do Reino Unido, mais precisamente, o primeiro-ministro Boris Johnson a autorizar um referendo para que os escoceses decidam se continuam ou não no Reino Unido.
A crise potencializada com o Brexit é resultado, na verdade, das contradições econômicas presentes no Reino Unido, onde a Inglaterra que conserva o maior poder político e mantém uma política colonial sob vários territórios, praticamente como uma herança da antiga grande potência econômica do auge do capitalismo (meados do séc. XIX), mas possui cada vez menos soluções econômicas satisfatórias a oferecer aos povos que estão sob seu domínio.
A origem da insatisfação dos escoceses é um problema que afeta diversos países de economia menor no continente. As oportunidades que surgem para estes países geralmente são mais vantajosas, como a livre circulação de mercadorias e serviços, bem como de turistas e pessoas dentro do bloco. O que nem sempre traz grande vantagem para países que podem negociar essas vantagens por si só, como no caso a Inglaterra.
Independentemente do sucesso econômico imediato da permanência na UE ou não e da saída do Reino, decisão que com certeza os escoceses terão mais condições de avaliar que ingleses, galeses ou irlandeses, é preciso defender o direito da população escocesa se tornar um país independente e, como dito na campanha, a escolher seu próprio futuro, devendo prevalecer a vontade popular.