Nesta última quarta-feira, dia 2 de Novembro, a Operação “Marias” da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher da Polícia Civil do Estado do Espírito Santo prendeu seis novos suspeitos de agressões contra mulheres na sexta fase da ação. Todos os envolvidos tinham mandato de prisão expedido e em aberto: cinco por violência doméstica e outro por estupro. As prisões aconteceram em Guarapari, Serra, Viana e Vila Velha. A ação retrata o caráter predatório da ação promovida pela Polícia Civil do estado que caça os suspeitos e os encarcera.
No ano passado, a Operação “Marias” realizou a prisão de 389 homens supostos autores de violência contra a mulher nos municípios do Espírito Santo. Contudo, não só na região, mas como em todo Brasil, em que estratégias de repressão similares são postas em prática, a violência contra mulher não se reduziu, pelo contrário, aumentou. E claro, algo óbvio, a repressão policial explodiu. É um tiro no pé de alguns setores da sociedade que esperam que a demagogia com a mulher trouxesse resultados pela mão da polícia.
É importante ressaltar um aspecto que é levantado quando se contrapõe a violência policial, inclusive contra a mulher, e o combate à essa violência pela ação das polícias. As ações foram realizadas por um grupo que contém no próprio nome, a Divisão Especializada de Atendimento à Mulher, uma provável especialização “humana” que poderia permitir que as mulheres e suas famílias, especialmente nas comunidades e bairros populares, sejam tratadas com respeito. Pois bem, é uma ilusão. As polícias no Brasil, desde a Polícia Militar, a Guarda Civil dos municípios, a Polícia Civil e as Polícias Privadas não passam de bandos de extermínio da população pobre e negra no Brasil e fascistas inimigos da mulher. Portanto, não podemos esperar algo delas, temos que pedir sua extinção.
Segundo as palavras da delegada da Divisão: “com toda a veemência e rigor na repressão desses atos de violência, praticados contra as mulheres, mas também na prevenção. Para isso, nós precisamos de todo comprometimento da comunidade”. Essa declaração deixa claro que a intenção é possibilitar que a violência policial adentre o espaço familiar, incluindo eventual repressão para “prevenção”. Esse tipo de mensagem estimula ações desmedidas e a denúncia dos agressores, facilitando à ação repressiva da polícia, que não resolve o problema da violência contra a mulher.
Em meio à pandemia e ao crescimento da violência contra mulher, tudo que as instituições e órgãos públicos tem feito é no sentido de desmantelar e precarizar os suportes sociais da mulher, como as casas de acolhida em caso de violência doméstica, as creches que garantem o emprego das mães e sua independência financeira, entre outras ações que buscavam auxiliar as mulheres nas situações difíceis do cotidiano. É preciso denunciar a propaganda demagógica da direita que utiliza a suposta crise de consciência dos agressores para instaurar a violência contra população. É preciso que as mulheres se organizem para lutar e reivindicar melhores suportes sociais, seus direitos e interesses, promovendo também sua auto defesa e pelo fim da repressão, pelo fim das polícias!