Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (24) a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, saudou o acordo feito pela direita golpista boliviana para as eleições que irão ocorrer em 18 de setembro. A data foi escolhida e aprovada no senado, após uma greve geral e vários protestos realizados pelo COB Confederação Operária da Bolívia, que pediam as eleições para o dia 6 de setembro e no máximo para 11 de outubro. Com essa declaração a ONU avaliza oficialmente o golpe de estado na Bolívia.
A data acertada pela ditadura de extrema-direita, que deu o golpe no país após as últimas eleições, difere da exigida pelos movimentos sociais que pediam uma lei ao parlamento que fixasse a data para o dia 11 de outubro. As eleições bolivianas já foram adiadas três vezes, utilizando a pandemia como desculpa. A eleições estavam marcada para 3 de maio. A primeira vez foi adiada para a primeira semana de agosto, depois para 6 de setembro a agora para 18 de outubro.
Jeanine Áñez, a golpista autoproclamada, deveria ter deixado o “governo de transição” em 22 de janeiro, mas desde então junto a Assembléia Legislativa e o judiciário vem adiando as eleições que segundo pesquisas tem o candidato do Movimento ao Socialismo MAS, partido de Evo Morales, liderando nas intenções de voto. O engraçado é último adiamento os golpistas tiveram a ajuda do próprio MAS que capitulou diante da extrema direita e ajudou a aprovar a nova data para as eleições.
O que temos agora é no mínimo uma atitude muita suspeita da ONU, de parabenizar a ditadura pela nova data das eleições escolhida pela extrema direita. Organização essa que é parte do imperialismo que defende simplesmente os interesses dos monopólios capitalistas. Justo a ONU, que quando houve o golpe de estado na Bolívia, não disse absolutamente nada. Inclusive se utilizou da OEA, que é uma organização que faz parte das suas instituições, para dizer que as eleições em que Evo Morales ganhou em 2019 foram fraudadas e pressionar pela sua renuncia levando a ditadura ao poder.
No inicio do mês de agosto após sucessivos protesto contra o governo golpista, Áñez ordenou a militarização das principais cidades do país, e a promotoria de La Paz admitiu uma denúncia contra o ex-presidente Evo Morales, o dirigente da Central Obrera Boliviana (COB), Juan Carlos Huarachi, e os candidatos do Movimento pelo Socialismo-Instrumento pela Soberania dos Povos (MAS-Ipsp) Luis Arce e David Choquehuanca. E o Ministério Público informou ainda que desde 5 de agosto está processando outras 12 pessoas. Na semana passada surgiu uma nova denuncia contra o ex-presidente Evo Morales, que está sendo acusado de estupro, o governo de Áñez abriu um processo contra ele por abuso sexual e tráfico de pessoas.
É importante acompanhar a situação das eleições bolivianas, que no entanto tudo leva a crer que a extrema direita e o imperialismo estão trabalhando incansavelmente para que o processo eleitoral no país seja o mais manipulado, viciado, arbitrário e golpista possível para que se mantenha a ditadura na Bolívia. É necessário que população saia as ruas para denunciar os duros ataques que o povo boliviano vem sofrendo e impeçam a fraude eleitoral e derrubar pela força a ditadura golpista.