O escândalo da intromissão de interesses estrangeiros no Brasil com uso da Lava Jato ganhou novo capítulo esta semana, com a exposição pública de mensagens privadas trocadas entre o então coordenador-geral da operação golpista, o procurador Deltan Dallagnol, e Bruno Brandão, diretor-executivo do escritório brasileiro da ONG imperialista Transparência Internacional. As mensagens vazadas foram entregues ao Intercept Brasil, sendo também divulgadas e analisadas no sítio da Agência Pública, onde estão disponíveis na reportagem “A aliança da Lava Jato com a Transparência Internacional”.
ONG com sede na Alemanha, a Transparência Internacional (TI) é uma organização política extraoficial do imperialismo muito típica, como se observa pela agenda de luta contra a corrupção. O apoio da TI à operação golpista era perceptível já no período áureo da Lava Jato, contudo, os vazamentos revelam um grau de colaboração que vai além do mero apoio, revelando uma articulação conjunta em que a ONG fazia interlocução entre a operação e o imperialismo, o que fica explícito em uma troca de mensagens na qual o Bruno Brandão diz a Dallagnol estar “pensando em começar uma pesquisa sobre a percepção dos maiores investidores institucionais estrangeiros no Brasil sobre o que eles pensam da Lava-Jato”, acrescentando: “colocando isso na boca do investidor estrangeiro daria muita credibilidade”.
Além disto, fica explícito também a atuação da TI como instrumento de chantagem contra a classe política brasileira, revelado por uma troca de mensagens na qual Dallagnol pede ao diretor-executivo da ONG uma nota de apoio ao procurador integrante da força-tarefa, Carlos Fernando, na ocasião (maio de 2018), enfrentando um processo administrativo por postagens em redes sociais.
Finalmente, em 10 de maio, Dallagnol escreve: “Bruno, será que a TI conseguiria soltar algo (equilibrado, como sempre) sobre liberdade de expressão até a próxima segunda?” 12 dias depois, Dallagnol volta a cobrar Bruno Brandão, dizendo que a nota não precisa ter grande repercussão, acrescentando que os procuradores fariam chegar “a quem importa”. A nota acabaria sendo publicada em uma postagem do perfil da TI no Facebook. O sucesso da pressão levou Dallagnol a agradecer o diretor da TI, afirmando que “sua voz foi importantíssima”.
A participação direta da ONG alemã na operação golpista ajuda a esclarecer o fato de que o Brasil não é atacado somente pelos Estados Unidos mas pelo conjunto das nações imperialistas, de desenvolvimento burguês adiantado e que buscam submeter por meio das mais grotescas manobras as nações atrasadas do mundo. Embora a participação americana seja mais destacada (inclusive com intervenção direta do governo dos EUA, através do FBI e da NSA), os países da Europa também estão envolvidos na conspiração golpista que derrubou o governo da presidenta Dilma Rousseff e hoje impõe o governo ilegítimo de Bolsonaro à população.